FHC agradou bem ao dizer que prefere vencer Lula nas urnas a vê-lo na cadeia

No discurso mais forte da convenção do PSDB, o presidente de honra, Fernando Henrique Cardoso, fez uma defesa enfática da reforma da Previdência, da reconexão do partido com o povo e da candidatura do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin à Presidência da República.

Mesmo ao lado do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, que também tem intenção de disputar a eleição presidencial, FHC disse que o paulista é “um ser humano” capaz de seguir a máxima de que líder não é quem “segue a maioria”, e sim quem “forma a maioria”. Por fim, Fernando Henrique alfinetou o ex-presidente Lula, dizendo que prefere derrotá-lo nas urnas do que vê-lo preso.

— Eu já ganhei do Lula duas vezes e temos energia para combatê-lo cara a cara. Eu prefiro combatê-lo na urna do que vê-lo na cadeia — disse Fernando Henrique, muito aplaudido pelo plenário.

Fernando Henrique disse que falava de coração sobre o Brasil, o partido e o futuro dos dois. E disse que não sabia se participaria de uma nova convenção nacional, pois, com 86 anos, era hora de descansar. Lamentou que o Brasil esteja vivendo “uma tragédia” e era duro ver a situação depois de tantas décadas tentando construir a democracia no país.

E conclamou o PSDB a fazer o mea-culpa dos erros e “colar o ouvido na terra” para ouvir os anseios do povo.

— O povo está enojado e irritado como todos nós. Sente como uma grande traição nacional. Temos que respeitar a percepção popular. As pessoas querem coisas simples: decência, transporte, segurança, trabalho — disse Fernando Henrique.

MEA-CULPA

No discurso FH disse que o PSDB errou e precisa corrigir esses erros com humildade. E é preciso retomar o rumo e ouvir o povo que quer, concretamente, melhorar seu dia a dia.

— A desordem no Brasil atingiu um nível insuportável. E a desordem atinge o povo, que não tem segurança. Os ricos têm carros blindados. Chegou a hora de dar um basta em tudo isso. Nós, no PSDB, precisamos ter humildade. Erramos, às vezes por omissão. Temos que ouvir o povo, com o ouvido colado na terra. Temos que nos mostrar como somos — afirmou ele, fazendo também uma defesa da diversidade:

— As estruturas partidárias estão envelhecidas. Temos que nos reconectar e enfrentar os temas como eles são.

Fernando Henrique disse que o PSDB fez história e melhorou muita coisa, mas é preciso avançar, aprovando a reforma da Previdência.

— A situação está insustentável. Temos que votar a reforma da Previdência, com uma outra emenda, mas não podemos fechar os olhos e ceder à pressão das corporações — disse.

Para FH, o partido tem que focar na geração de empregos, a qual se sobrepõe ao mercado, na visão dele.

— O mercado é importante, mas nosso guia tem que ser a geração de trabalho, o desenvolvimento. Não podemos fazer o país avançar se não tivermos uma estratégia — disse.

E fez uma defesa também enfática da candidatura de Alckmin, mesmo lembrando que haverá prévias para a disputa com Arthur Virgílio.

— Precisamos de candidatos que sejam simples, diretos. Geraldo é simples, conheço há décadas, nunca mudou. É um ser humano. Precisamos de gente assim — disse FHC.

— O Brasil não é um país pobre, mas tem muito pobre. O futuro presidente tem que sentir isso.

O Globo

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