Lula: estou voltando a ser paz e amor

Foto: Divulgação
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que vai continuar lutando pela democracia, mas que está voltando a ser “paz e amor”, ao participar de um evento sobre educação no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo, na noite de sexta-feira (9).

“Eu estou voltando a ser o ‘lulinha paz e amor’. Eu não vou ficar com raiva quando eles me ofendem, não há nada nesse país que vai me fazer abaixar a cabeça”, afirmou o ex-presidente. “Pode ter o que quiser, eu vou continuar indo pra rua, defendendo a democracia”.

Segundo a Agência Brasil, Lula disse não entender o porquê de existir tanta aversão contra o PT. “Nós provamos que pobre não era problema, pobre passou a ser a solução desse país. Provavelmente tenha sido esse comportamento nosso que tenha causado tanta raiva tanto rancor e tanto desprezo”.

Sobre o tema do evento, o político disse que lideranças e  trabalhadores da área da educação foram importantes para fazer uma “revolução no ensino superior e no ensino profissional do país”. O ex-presidente participou do Encontro de Lula com a Educação, no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo.

“Aqui estão os que sempre lutaram para reformar e democratizar a educação brasileira, resistindo ao elitismo das oligarquias conservadoras. Que se dedicam à causa da qualidade de ensino, muitas vezes com sacrifício da própria vida familiar. Aqui estão aqueles cujo o apoio foi decisivo para que o governo federal tenha conseguido fazer a revolução no ensino superior e no ensino profissional do país”, afirmou.

Entre as conquistas, Lula citou o fato de o governo federal triplicar o orçamento no Ministério da Educação em dez anos, a criação de 19 novas universidades federais e do Programa Universidade Para Todos (ProUni). Segundo ele, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), de Dilma, qualificou mais de 8 milhões de pessoas.

Sem terras mortos

O Auditório Celso Furtado teve faixas de apoio à presidenta Dilma Roussef e contra o impeachment, o que os participantes consideram um golpe. O evento se desenrolou aos gritos de “não vai ter golpe”.

Lula discursou por 40 minutos e falou sobre educação, impeachment, acusações contra ele na questão do sítio em Atibaia e do apartamento no Guarujá, fez críticas sobre como é tratado e retratado pela grande mídia. Ele também lembrou dos trabalhadores sem terra mortos em confronto com a Polícia Militar no Paraná.

“Queria pedir uma salva de palmas em solidariedade a dois companheiros do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra [MST] na Fazenda Araupel [no município de Quedas do Iguaçu, no oeste do Paraná] que foram assassinados ontem (7). São duas vítimas da falta de respeito pelo povo trabalhador desse país”, disse Lula sobre a morte dos trabalhadores rurais Vilmar Bordim, de 44 anos, e Leomar Bhorbak, de 25 anos.

Bordim era casado e pai de três filhos. A mulher de Bhorbak está grávida de nove meses. Ambos eram do Acampamento Dom Tomás Balduíno, localizado em terreno desapropriado pela Justiça Federal que pertencia à empresa de celulose Araupel.

Impeachment

O ex-presidente também comentou sobre o processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. “Vocês vieram aqui hoje defender uma causa que é preservação do estado de direito e a democracia”, disse sobre as manifestações contra o impeachment. “Todo mundo sabe que impeachment só é legal com crime de responsabilidade. Impeachment sem crime é golpe”, disse.

Lula também comentou sobre as investigações feitas contra ele. “Estão tentando atacar naquilo que para mim é mais sagrado, tentando atacar a minha moral. Eles me deram apartamento no Guarujá que não é meu. Inventaram uma chácara que não é minha”. Lula disse que para a chácara ser dele, ele precisa comprar e ter escritura.

“Eu duvido que tenha alguém, um procurador, um delegado ou um juiz que seja R$ 0,10 mais honesto que eu nesse país”, disse, após lembrar que já prestou cinco depoimentos sobre o caso. Lula acrescentou que, quando tudo isso terminar, só vai querer que lhe peçam desculpas.

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