Bolsonaro diz que ‘vai ter um montão de ministro militar’ para moralizar o Planalto

RIO — Um dia depois de anunciar o general da reserva Hamilton Mourão (PRTB) como vice em sua chapa, o pré-candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, afirmou que, caso eleito, o ministério será composto por “um montão” de militares. O deputado chegou a afirmar que Mourão poderia ocupar a chefia da Casa Civil, mas em seguida recuou e afirmou que a pasta deverá ser ocupada por um parlamentar.

Bolsonaro citou os ministérios dos Transportes e da Ciência e Tecnologia como exemplos de áreas a serem comandadas por militares.

“Vai ter um montão de ministro militar, para que não haja dúvida. Não sei (quantos). De acordo com a competência e habilidade deles. Tem ministério que não cabe militar, porque não temos vivência nisso. Transportes, quem não quer ver, por exemplo, a melhoria dos transportes, a malha viária sem corrupção. Acho difícil corromper um general. Não é incorruptível, mas muito mais difícil que esses últimos ministros que passaram por aí. O que o povo quer é que o Brasil funcione. Não interessa se vai ter militar, homem, gay, mas que funcione”, disse o presidenciável, que citou o astronauta Marcos Pontes, também militar, como possível ocupante da Ciência e Tecnologia.

Ao ser perguntado sobre o papel de Mourão, Bolsonaro chegou a anunciá-lo como ministro da Casa Civil. Em seguida, no entanto, ele foi questionado mais duas vezes sobre o assunto e disse que a pasta, responsável por articulações políticas, deverá ser chefiada por um parlamentar.

Vai ser o chefe da Casa Civil, vai ser ele (Mourão) também. É uma pessoa culta, patriota, tem responsabilidade, virtudes — disse, antes de voltar atrás. — Casa civil talvez… Não, não deve ser ministro da Casa Civil, vai ser um deputado, com toda certeza. O parlamento sempre tratou muito bem os integrantes das Forças Armadas em todos os assuntos, mas Casa Civil, no meu entender, (será) um deputado ou senador.

Mourão foi escolhido após outras três tentativas de vice na chapa darem errado. O plano inicial de Bolsonaro era ter o senador Magno Malta (PR-ES) ao seu lado, mas o PR entrou na coligação do tucano Geraldo Alckmin. Depois, o PSL começou as negociações com o general da reserva Augusto Heleno (PRP), mas o PRP decidiu apoiar Alvado Dias (Podemos). Por fim, o alvo passou a ser a advogada Janaína Paschoal, que, no sábado, anunciou que não aceitou o convite por questões familiares.

Bolsonaro afirmou que não prometeu o ministério das Relações Exteriores para o príncipe Phillippe de Orleans e Bragança, que estava cotado para ser seu vice. Questionado sobre o motivo de ter escolhido Mourão, brincou e disse que a decisão foi tomada porque o general também é paraquedista do Exército, assim como ele. O presidenciável disse que não está preocupado em perder apoio no agronegócio em função da entrada da senadora Ana Amélia (PP-RS) na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB):

— Boa sorte para eles e poucos votos. Tem candidato que escolhe o vice com fins eleitoreiros, tem que ser de tal gênero, raça ou região. Eu quero é governabilidade. Tenho que ter um vice que trabalhe junto comigo — afirmou.

Bolsonaro participou de um almoço com empresários na Firjan, no Centro do Rio, e segue nesta tarde para Gramado (RS), onde vai se encontrar com produtores rurais. Em discurso para os presentes, ele afirmou que vai tirar o Estado do “cangote” dos empresários , defendeu o aprofundamento da reforma trabalhista e ironizou os sindicatos:

— Eu tenho um amor pelos sindicalistas que vocês nem imaginam.

O Globo

Escreva sua opinião

O seu endereço de e-mail não será publicado.