CPI da Covid-19 ouve o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta
Foto: Reprodução/Arquivo
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para apurar ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia da Covid-19 ouve nesta terça-feira (4) o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (assista ao vivo acima), primeiro convocado para as oitivas. Também nesta terça, às 14 horas, o ex-ministro Nelson Teich será ouvido.
Prevista para as 10h, a sessão começou com 22 minutos de atraso e foi marcada por um embate entre os membros da comissão após o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) apresentar uma questão de ordem para pedir alternância entre os convocados.
Girão alegou que não há, no plano de trabalho apresentado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL), itens que visem apurar as questões que ele levantou sobre o uso de recursos federais por estados e municípios. “Não estamos fazendo nada cirúrgico. Não me pegue no início da sessão para fazer uma questão de ordem de meia hora. Quero dizer que não, não vamos esquecer de estados e municípios”, disse o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM).
O primeiro convocado
Mandetta foi demitido do cargo no dia 16 de abril de 2020, no início da crise da pandemia do novo coronavírus no Brasil. Naquela data o Brasil registrava 1.924 mortes causadas pela doença. Hoje, o país tem mais de 400 mil óbitos por covid-19.
“O senhor Luiz Henrique Mandetta foi exonerado do cargo de ministro da Saúde justamente por defender medidas de combate à doença recomendadas pela ciência. O presidente defendia mudanças nos protocolos de uso da hidroxicloroquina no tratamento do novo coronavírus”, apontou o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) no requerimento aprovado na semana passada.
Mandetta deve ser questionado sobre o início das ações para o enfrentamento à pandemia, as estruturas de combate à crise, as ações de prevenção e atenção à saúde indígena, além do emprego de recursos federais.
Depoimento preocupa o Planalto
Auxiliares do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ouvidos pela analista de política da CNN Renata Agostini, manifestaram preocupação com o conteúdo do depoimento de Mandetta à CPI. O entendimento é o de que Mandetta será muito questionado pelos senadores e há temor de que, em meio às respostas, ele possa fazer afirmações que deem brechas para a responsabilização do governo federal.
A primeira versão do roteiro de perguntas preparado pelo relator da CPI possui 45 perguntas ao ex-ministro da Saúde, de acordo com informações do analista de política da CNN Caio Junqueira.
Estão previstos questionamentos duros para Mandetta, principalmente sobre a política de compra de equipamentos e insumos para o combate a pandemia e a recomendação para que as pessoas ficassem em casa ao notar os primeiros sintomas – a avaliação é a de que esses são seus pontos fracos
À tarde, oitiva com Teich
Além de Mandetta, a CPI da Pandemia ouvirá nesta terça-feira (4) o também ex-ministro da Saúde Nelson Teich. A oitiva está prevista para começar às 14h. Teich, que ficou apenas 29 dias no cargo, deve ser questionado sobre as negociações com as farmacêuticas sobre vacinas já que foi na sua gestão que o governo começou esse processo.
Entre as perguntas está, por exemplo, o questionamento sobre o plano que Teich, ao deixar o ministério, disse ter recomendado ao governo e que nunca foi executado – o roteiro do relator prevê, ao menos, 36 perguntas ao ex-ministro.
O principal assunto, contudo, deverá ser a hidroxicloroquina, principal motivo de sua saída do governo. A ideia é mapear a responsabilidade de Bolsonaro na gestão. O ponto negativo que está no roteiro inicial de perguntas é o aumento exponencial de internações e óbitos durante seu período no cargo. POR CNN BRASIL
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