Médicos acusam Hapvida de pressionar por ‘kit covid’
Foto: Ilustrativa/Arquivo
Médicos que trabalharam na Hapvida afirmam que a operadora de planos de saúde pressionou os profissionais a prescreverem medicamentos que integraram o chamado “kit Covid”. A denúncia foi publicada em reportagem no jornal O Globo.
A publicação cita áudios enviados aos profissionais de saúde do Hospital Medical, em Limeira, interior de São Paulo. O coordenador da unidade cobrava prescrição. “Utilizar aí o tratamento precoce conforme preconizado pelo Departamento e Coordenação Nacional de Urgência e Emergência e adesão ao protocolo de Covid”, afirma o coordenador no trecho reproduzido.
Segundo O Globo, a unidade pertence à Hapvida, uma das maiores operadoras de saúde do país. A CPI da Covid passou a investigar a rede pela suspeita de pressionar médicos a prescreverem remédios apontados com “ineficazes contra a Covid”.
O médico ainda relatou que a operadora se recusava a fazer testes de Covid-19 em pacientes suspeitos e que a falta de triagem inicial acabou “gerando ainda mais a contaminação do ambiente”.
“O Ministério da Saúde havia baixado orientação de testar todo (caso) suspeito, mas o plano não seguiu isso. Recebi várias negativas de exames pedidos. Me lembro de ao menos dois casos: um de uma senhora de idade com comorbidades e outro de uma enfermeira que trabalhava no hospital, as duas com sintomas de gripe. Me disseram que o teste era só para pacientes com indicação de internação”, apontou.
Ontem, em entrevista ao Jornal Nacional, uma médica que não quis se identificar disse que foi demitida porque se recusou a receitar cloroquina para os pacientes.
“Pelo menos eu recebi quatro visitas em consultórios durante os plantões em que foi orientado que deveria seguir o protocolo da instituição, pois fazia parte do tratamento preconizado pelo plano Hapvida a prescrição de cloroquina”, disse o médico Felipe Nobre.
Felipe procurou o Ministério Público do Ceará para denunciar a operadora e encaminhou aos promotores as mensagens que recebeu dos superiores em seu celular. O Ministério Público abriu procedimento para investigar o caso.
O caso da Hapvida ganhou notoriedade após a sua concorrente, a Prevent Senior, mais forte na região Sudeste, entrar na mira da CPI da Covid sob acusação de pressionar médicos a receitarem o “kit covid”. No sábado, o vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) publicou no Twitter que o “Hapvida é mais um caso que a CPI terá que investigar”.
Defesa
Em nota ao Jornal Nacional, a Hapvida declarou que, no passado, havia um entendimento de que a hidroxicloroquina poderia trazer beneficios aos pacientes de Covid e que, mesmo assim, a substância nunca representou a maioria das prescrições na rede. A Hapvida afirmou que há meses não sugere e não tem observado o uso desse medicamento em suas unidades, por não haver comprovação cientifica de sua efetividade contra a doença.
Em nota enviada ao jornal O Globo, a Hapvida afirmou que a fase inicial da pandemia foi marcada por “incertezas”. POR TRIBUNA DO NORTE
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