RN tem média de dois casos por dia do crime de “stalking”

O Rio Grande do Norte registra, em média, dois boletins de ocorrência por dia relacionados a casos de perseguição (stalking). Dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesed) indicam que foram contabilizados 327 casos deste tipo de crime até abril de 2024.

Desde a criminalização do stalking em 2021, os registros têm crescido significativamente no estado. No primeiro ano da lei, foram 450 casos. Em 2022, esse número subiu para 771. No ano passado, o total de registros chegou a 1.175.

A prática de stalking é definida no Código Penal como a perseguição sistemática de uma pessoa. Isso inclui ações como postar comentários invasivos nas redes sociais da vítima, fazer ligações insistentes e incômodas, além de seguir a rotina da pessoa com abordagens inconvenientes. A pena para esse crime varia de seis meses a dois anos de reclusão, além de multa.

A discussão sobre o stalking ganhou mais atenção após o programa “Fantástico”, da Rede Globo, revelar um caso ocorrido em Ituiutaba (MG), onde uma mulher de 23 anos foi presa por perseguir um médico e sua família durante cinco anos.

A acusada, Kawara Welch, era paciente do médico e iniciou a perseguição após alegar estar apaixonada por ele. Apesar de ser excluída da lista de pacientes, Welch continuou com as ameaças e perseguições, incluindo ligações para os familiares do médico. O caso foi amplamente divulgado após a estreia da série “Bebê Rena” na Netflix, que é baseada na história real de uma perseguição vivida pelo protagonista Richard Gadd.

Psicóloga alerta como reconhecer comportamento de “stalking”

A psicóloga clínica Catarine Resende explica que não existe uma regra definida sobre até quando é normal acompanhar as atividades de relacionamentos antigos nas redes sociais. “É importante ser honesto consigo e avaliar se acompanhar o ex faz bem ou mal, priorizar o bem-estar mental e evitar qualquer comportamento que cause sofrimento. O término de um relacionamento é um processo natural e doloroso. Então, é necessário permitir-se sentir as emoções, mas também procurar ajuda profissional, se necessário”, aponta.

Ela acrescenta que reconhecer o comportamento de stalking como um problema e buscar ajuda profissional é o passo fundamental para sair desse ciclo prejudicial. “Admitir que suas ações estão causando danos a si mesmo e a outra pessoa é crucial para buscar ajuda e iniciar um processo de mudança”, pontua Catarine.

Criar perfis fakes para bisbilhotar o perfil dos outros é um indicativo de stalking, porém não é determinante, segundo a psicóloga. Depende como este perfil será conduzido, pois a prática envolve outros fatores. “O stalker monitora a vida da vítima de forma constante e invasiva, utilizando diversos meios, como redes sociais, aplicativos de mensagens, e-mail, e outros. Desenvolve uma obsessão pela vítima e busca controlá-la, monitorando seus passos e restringindo sua liberdade”, explica a profissional.

As vítimas de stalking sofrem diversos traumas físicos e psicológicos como consequência do comportamento do perseguidor. “O medo constante, sensação de insegurança, ansiedade, depressão e até mesmo o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) são alguns dos traumas mais comuns vivenciados por quem sofre esse tipo de violência. Para evitar ou minimizar os traumas causados pelo stalking, é fundamental que a vítima tome medidas de proteção e procure ajuda especializada. Um psicólogo poderá auxiliar a lidar com os traumas causados pelo stalking, desenvolver mecanismos de enfrentamento e ajudar a recuperar a autoestima e qualidade de vida”, conclui Catarine Resende.

CRIAR PERFIS FALSOS PARA BISBILHOTAR O PERFIL DOS OUTROS É INDÍCIO DE STALKING?

É importante ficar atento à frequência, à intensidade e ao impacto que essa atitude gera em você e na vida dos outros. A psicóloga Catarine Resende alerta para alguns sinais de que essa curiosidade pode estar se tornando prejudicial:

  • Excesso de tempo dedicado a bisbilhotar: Você passa horas verificando as redes sociais, perfis e atividades de outras pessoas, mesmo que isso te traga sofrimento ou ansiedade?
  • Intrusão e falta de respeito: Você invade a privacidade das pessoas, criando perfis falsos ou utilizando outros métodos para obter informações sem registro?
  • Sentimentos negativos: Sentir ciência, raiva, inveja ou obsessão pelas pessoas que você acompanha são indicadores de que algo não está bem.
  • Impacto na sua vida: Essa curiosidade excessiva interfere nas suas atividades diárias, no seu trabalho, nos seus relacionamentos ou na sua saúde mental?

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