“Me prenderam três vezes e o STF me soltou as três”, diz José Dirceu
Praticamente livre das investigações da Lava-Jato, José Dirceu passou, nesta segunda, por Salvador, na Bahia, onde foi participar de eventos do PT. O petista deu uma entrevista para a rádio A Tarde FM em que falou de suas condenações, de Sergio Moro e das ordens de prisão saídas de Curitiba.
“Esse processo foi feito para me prender. Me prenderam três vezes e o Supremo me soltou as três, porque as prisões eram ilegais. Eu disse ao Moro: ‘Eu não tenho nada a ver, o que estou fazendo aqui?’ A Petrobras, consultada no processo, disse que não houve sobrepreço, não houve influência externa e não houve fraude. Por que eu fui condenado? Para me prender, porque queriam que eu delatasse o Lula”, diz Dirceu.
O ex-ministro, a exemplo de outros petistas, se empenha em reescrever a história de corrupção descoberta pela Lava-Jato. Ele não nega a corrupção, mas transforma alvos da operação em vítimas. “Qual o país que criminaliza um ex-ministro, um empresário, um presidente que vai abrir mercados para as empresas do país. Eu abri vários mercados, como ferrovias, rodovias, hidrelétricas, aeroportos, refinarias… Era o Brasil quem construía, hoje não é mais”, diz Dirceu, esquecendo que no meio de tudo isso tinha muita propina, superfaturamento e dinheiro público desviado nos tais contratos.
O petista segue: “A Lava-Jato foi um projeto político de tomar o poder no Brasil. Foi um projeto para destruir a indústria de prestação de serviços, que era uma das melhores do mundo. Se andasse pela América Latina, de 2006 a 2012, como eu andei, levando as empresas brasileiras, e eles criminalizaram tudo isso”.
Dirceu reconhece que a “revisão da Lava-Jato” no STF passa a impressão de que a corrupção não está sendo combatida no país. Ele mesmo explica o motivo — os desvios descobertos na Vaza-Jato — de os corruptos estarem hoje todos livres: “Se a Lava-Jato tivesse seguido a lei, ela teria atingido os objetivos dela”, diz Dirceu.
O petista ainda tem um projeto pendente na Justiça, mas se mostra muito confiante: “Vai ser anulado. O processo está prescrito já”.
Radar – VEJA
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