Rodovias geridas pela União têm queda de acidentes, mas seguem mais fatais que concedidas
Os acidentes em rodovias federais administradas pela gestão pública reduziram nos últimos seis anos, enquanto houve aumento de casos entre aquelas concedidas à administração privada. O destaque faz parte de estudo divulgado nesta sexta-feira, 14, pela Fundação Dom Cabral (FDC).
Apesar da redução de ocorrências, a malha gerida pelo Estado é, segundo o estudo, cerca de 3,2 vezes “mais perigosas” do que as administradas por meio de concessão à iniciativa privada. A conclusão tem como referência as taxas médias de acidentes e de severidade. As ocorrências analisadas pela FDC são do arquivo da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de 2018 a 2023.
No período, foram registrados 377.770 acidentes, sendo 167.633 em rodovias concedidas e 210.137 nas sob gestão pública. Na comparação entre 2018 e 2023, os acidentes entre as vias concedidas aumentaram 5,8%, saindo de 28,8 mil para 30,5 mil. Quando observada a malha sob gestão pública, os acidentes caíram de 36.880 para 34.650, representando uma queda de 6%.
O coordenador do Núcleo de Infraestrutura, Supply Chain e Logística da FDC, Paulo Resende, aponta que os dados englobam a “significativa transferência, nos últimos anos, de rodovias da gestão pública para a iniciativa privada”, o que ajudaria a explicar as curvas em direções opostas. Resende aponta que, no caso das novas concessões, os investimentos projetados nos contratos ainda não surtiram o efeito esperado.
O estudo adota metodologia própria para análises que podem ajudar a identificar fatores em comum, incluindo ponderações sobre a intensidade do tráfego no local do acidente e a severidade da ocorrência. Levando em consideração fatores como perda material, feridos e mortos, os acidentes na malha sob gestão pública seguem sendo os mais perigosos.
Em 2023, dos 34,6 mil acidentes registrados nas rodovias administradas pelo Estado, a taxa de severidade calculada pelo FDC ficou em 8,57 pontos. Já entre os 30,5 mil registrados na malha concedida, a taxa de severidade ficou em 2,82 pontos. Na média de 2018 a 2023, a taxa de severidade foi de 9,66 contra 2 54 (concessões).
“Apesar do aumento de investimentos em manutenção e recuperação de rodovias federais públicas nos últimos anos, ainda é altíssima a diferença em acidentes de alta severidade entre trechos concedidos e os sob gestão pública, o que não pode ser desprezado de maneira nenhuma”, afirma Paulo Resende.
Estados
Na avaliação por Estados, o estudo aponta que as rodovias federais localizadas em 12 UFs (cerca de 46% do total de 27) responderam por 82% das ocorrências. Por ordem decrescente de número de acidentes: Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo, Bahia, Goiás, Pernambuco, Espírito Santo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Nos Estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, as rodovias federais sob gestão pública são as que mais contribuem na formação da taxa de severidade dos acidentes. O contrário se verificou em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás e Espírito Santo.
O estudo destaca que as rodovias BR-101 e a BR-116, ambas de grande extensão, permanecem nas duas primeiras posições quanto à taxa de severidade dos acidentes e também em número absoluto, repetindo o comportamento verificado entre 2018 e 2021, que já haviam sido analisados e divulgados pela Fundação.
Estadão Conteúdo
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