Aviação agrícola se despede da piloto Juliana Turchetti

A aviação brasileira perdeu na tarde da última quarta-feira (dia 10) a piloto agrícola Juliana Turchetti, 45 anos, em um acidente durante uma operação de combate a incêndio florestal nos Estados Unidos. O fato ocorreu no Estado de Montana, no oeste do país, onde Juliana integrava a equipe que combatia as chamas na Floresta Nacional de Helena, cidade sede do Condado de Lewis e Clark, no centro-oeste do Estado.

O Sindag divulgou agora pela manhã a Nota de Pesar pela perda da profissional, que era considera um exemplo “força feminina no setor e da garra e profissionalismo dos pilotos brasileiros”. Além disso, a própria presidente da entidade, Hoana Almeida Santos, destacou que a partida precoce da profissional é uma perda irreparável para a aviação agrícola. “Estamos muito tristes e abalados com a notícia. Juliana representava não somente a determinação e a coragem dos pilotos brasileiros, mas era também um exemplo de profissionalismo, pela linda trajetória. Valorizando o papel das mulheres no setor e sendo fonte de inspiração para muitos”, sublinhou a empresária.

Amiga de Juliana e também piloto agrícola e de combate a incêndios, a gaúcha Joelize Friedrichs (que atua no Brasil) ressaltou que a amiga é um exemplo e inspiração. “Ela realizou o sonho de muitas nós, que é voar o Fire Boss e estava construindo a carreira dela nos Estados Unidos”, comentou, referindo-se à versão do avião agrícola Air Tractor AT-802 equipada com flutuadores. Trata-se de um modelo concebido justamente para operar em combate a incêndios a partir de lagos e represas e que ainda não existe no Brasil.

“Ela era uma das grandes”, completou Joelize. Recordando também as conversas no grupo de pilotos agrícolas mulheres no WhatsApp, onde aconselhava as colegas brasileiras sobre como conciliar carreira e maternidade, por exemplo. “Os feitos dela, as conquistas dela e seus conselhos vão mantê-la viva em nossos corações. É isso, está sendo bem difícil”, concluiu, emocionada.

Como foi o acidente

O acidente com Juliana Turchetti teria ocorrido por volta do meio-dia no horário local (15 horas no Brasil), durante a manobra de scooping com o FireBoss. Nesse tipo de operação, o piloto pousa a aeronave em um lago ou represa, mas segue a corrida captando água para o hopper (reservatório) e decola em seguida. Segundo testemunhas mencionadas pela imprensa norte-americana, eram três AT-802 atuando na área. Eles estavam captando água no ponto conhecido como Hauser Lake – cerca de oito quilômetros a noroeste da represa, também no Rio Missouri. Já as chamas estavam sendo combatidas na área conhecida como Horse Gulch, mais perto da represa

Segundo relato à imprensa do xerife de Lewis e Clark, Leo Dutton, no momento do acidente, Juliana estaria em segundo no circuito de toque, corrida e decolagem, mas, enquanto realizava o scooping, o avião pareceu ter batido em algo, despedaçou-se na água e afundou. As investigações sobre as causas do acidente agora estão a cargo do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA (NTSB, na sigla em inglês), que poderá dizer se houve mesmo choque contra objeto, banco de areia ou onda.

O corpo de Juliana foi recuperado por volta das 17 horas locais (20 horas em Brasília), por equipes voluntárias de busca e resgate dos condados de Lewis and Clark e de Gallantin. Mas as autoridades não divulgaram a identidade dela até que seus parentes no Brasil tivessem sido contatados. Até então, a imprensa mencionava apenas uma piloto de 45 anos cujos familiares eram de outro país.

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