Pacientes do SUS ficam sem atendimento renal no RN

Há 46 dias, pacientes que necessitam de tratamento contra cálculo renal através do serviço público no Rio Grande do Norte estão desamparados. A situação envolve a falta de renovação do convênio por parte do Governo do Estado com uma clínica privada que presta esse atendimento há 30 anos. Desde o dia 27 de julho com o contrato expirado, a estimativa é que mais de 200 pacientes já foram prejudicados sem a realização de cirurgias que seriam contempladas através do convênio.

De acordo com Maryo Kemps, diretor da clínica privada, a unidade é a única com a prestação desses atendimentos ao cuidados renais no Rio Grande do Norte através do Sistema Único de Saúde (SUS), acumulando uma média de 120 atendimentos por mês ou 1.440 por ano. “De 90 a 95% da nossa atividade é direcionada ao SUS. Eu venho mandando ofício tentado pleitear uma negociação para abrir um discurso de renovação e a gente sempre com dificuldade de burocracia”, explica.

Desde a renovação em 2019, o convênio entre a clínica e o Governo do Estado apresenta valores defasados dos custos reais da empresa. Na avaliação de Maryo Kemps, os custos operacionais apresentaram uma forte elevação, agravado ainda pela pandemia da Covid-19 e os reajustes do piso salarial de enfermagem. “Apenas de recomposição inflacionária nesse período até julho deste ano, representa uma diferença de 32% nos valores”, afirma.

Segundo o diretor da unidade, as negociações para essa atualização de valores foi iniciada ainda em 2021. Retomadas em março deste ano, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sesap) teria se comprometido a viabilizar o reajuste diante do contrato, o que não foi firmado até o momento. Todas as necessidades financeiras também teriam sido apresentadas pela clínica ao Conselho Estadual de Saúde.

“No último levantamento que levei ao Conselho Estadual de Saúde, acho que a gente teve um prejuízo de quase R$1,3 milhão com o que a gente recebe e o que a gente gasta dentro da clínica. Todo ano isso aumenta porque os custos aumentam e os valores não suportam. Hoje nos pagamos para atender os pacientes”, esclarece o diretor da unidade que aguarda a renovação do contrato com o Governo do Estado.

Mesmo com o convênio vencido, Maryo Kemps, diretor da clínica, explica que houve tentativas de proceder com os atendimentos aos pacientes diante da promessa de pagamento. Apesar dos procedimentos terem sido realizados durante os primeiros dias, não foram apontadas resoluções para a quitação desses valores.

Procurada pela imprensa para esclarecer se existem perspectivas para a renovação do convênio, a Sesap explicou que um novo contrato com a empresa está em vias de finalização, com empenho encaminhado e deverá ser assinado “em breve” entre as partes.

Essa pendência de mais de um mês que ainda aguarda ajustes é avaliada por Maryo como um prejuízo “incalculável” para quem depende dos serviços. Sendo a única a realizar o “bombardeamento renal”, termo que designa a técnica de litotripsia extracorpórea (LECO), pelo SUS, o paciente ficará sujeito a precisar de uma cirurgia com custos entre R$15 mil a R$30 mil.

Tribuna do Norte

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