Após pandemia de covid, viagens no RN crescem 71,5% entre 2021 e 2023

Uma nova pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta um cenário esperançoso para o turismo após os impactos da pandemia. Enquanto entre os anos de 2020 e 2021, o número de viagens realizadas por brasileiros caiu de 13,6 milhões para 12,3 milhões, o ano de 2023 chegou com um crescimento positivo de 71,5% no incremento de viagens nacionais e internacionais, alcançando 21,1 milhões. No Rio Grande do Norte, esse crescimento também foi uma percepção constatada pelo trade turístico, mas ainda apontam a necessidade de melhorias em relação ao período pré-pandêmico.

Para Abdon Gosson, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hóteis do RN (ABIH-RN), os números ficaram muito “aquém” das expectativas que existiam para recuperação do setor. Dados do Sistema de Inteligência Turística do RN (Sírio), mostram que a pretensão média global do gasto diário do turista foi de R$ 379,24 no período de 2021 a 2024, com uma renda individual mensal de três a cinco salários mínimos. “Embora tenhamos registrado um crescimento, é fundamental intensificarmos nossos esforços para atrair turistas de todo o Brasil e do mundo”, explica.

De acordo com a pesquisa, os domicílios com rendimento per capita de quatro ou mais salários mínimos equivaliam a 16,4% dentre aqueles com ocorrência de viagem durante o ano de 2023 em todo Brasil. Já os que viviam com rendimento menor que meio salário mínimo per capita representaram 12,9%. Os dados do Sírio mostram que, entre 2023 e 2024, a pretensão de gasto diário aumentou em 10,13%, passando de R$ 364,48 para R$ 401,41.

Luis Felipe, vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens do RN (ABAV-RN), defende que esse aumento pode ser associado principalmente aos trabalhos realizados externamente e também através dos meios tecnológicos para promover os atrativos potiguares diante do setor de viagens. “Hoje nós estamos recebendo sim uma demanda boa de turistas, mas na verdade nós precisamos de uma demanda com um poder aquisitivo maior, aquele que gaste mais para movimentar a economia”, considera.

Ainda no levantamento, as hospedagens mais utilizadas foram as casas de parentes ou amigos, com cerca de 41,8% dos 21,1 milhões de viagens, sendo 46,3% por motivos pessoais e 14,7% por iniciativa profissional. Já a acomodação em hóteis, resorts ou flats foi utilizada por 18,1%, correspondendo a 45,4% dos deslocamentos com finalidade profissional e 13,6% das viagens pessoais.

Na perspectiva de Grace Gosson, presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do RN (SHRBS-RN), o crescimento no número de visitantes ao destino potiguar tem aumentado gradativamente nesse último ano, embora ainda exista uma grande perda de turistas para destinos vizinhos, como João Pessoa e Maceió.

“Ainda existe muito a se melhorar, principalmente com relação às políticas públicas, como segurança pública, infraestrutura e divulgação do nosso destino, para que o turista decida vir para o Rio Grande do Norte ao invés de escolher outros destinos concorrentes”, avalia.

Entre os setores que receberam um impacto positivo após a pandemia, de acordo com o levantamento do IBGE, foram os associados à cultura e gastronomia. Enquanto em 2020 para 15,5% essa foi uma motivação de viagem, em 2021 houve um breve crescimento para 16%, e em 2023 chegou a alcançar 21,5%.

Na avaliação de Paolo Passariello, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do RN (Abrasel-RN), existiu sim um aumento em relação ao período pandêmico, mas isso não vem sendo suficiente para compensar as necessidades que o setor no Rio Grande do Norte. Na comparação dos períodos pré e pós-pandemia, Paolo estima que o lucro dos bares e restaurantes saíram de uma média de 18% a 20% para 5% a 12%.

“Faz quase dois anos que acompanhamos os nossos números e a gente está com uma dificuldade gigante. São muitas empresa que ainda não conseguem fechar [as contas], que ainda terminam o mês no vermelho. Estamos com uma grande dificuldade ainda para recuperar o que a gente perdeu na pandemia. Está todo mundo cheio de dívidas para pagar, imposto atrasado e aumento de matéria-prima que não dá para repassar”, avalia Paolo.

Mais de 38% das viagens são por motivo de lazer

Dos 21,1 milhões de viagens em 2023, cerca de 97%, ou 20,4 milhões delas, tiveram destino nacional. Por sua vez, houve 641 mil viagens para fora do país, um aumento de cerca de 132% em relação a 2020, quando foram registradas 276 mil viagens.

No território nacional, na maioria das viagens (82,5%), o viajante teve a mesma região como origem e destino. Em 38,0% das vezes, o viajante partiu e teve como destino o Sudeste. Essa região, que é a mais populosa do país, foi a origem de 45,9% do total das viagens, seguida pelo Nordeste (22,0%) e pelo Sul (17,1%). A mesma sequência se manteve em relação ao destino da viagem: Sudeste (43,4%), Nordeste (25,3%) e Sul (17,4%).

As viagens com finalidade pessoal lideraram o panorama: 85,7% das viagens tiveram essa motivação, e o lazer saiu na frente, com 38,7%. A pesquisa aponta que 46,2% do público procurou sol e praia, enquanto 22% buscaram viagens focadas na natureza, ecoturismo e aventura. Assim, a grande demanda do público brasileiro continua sendo destinos que ofereçam sol e praia, mas essa taxa tem diminuído, segundo William Kratochwill, analista da pesquisa do IBGE.

“A participação desse tipo de lazer caiu 9,4 pontos percentuais (p.p.) entre 2020 e 2023. Em contrapartida, houve um aumento de 6,0 p.p. nas viagens em busca de cultura e gastronomia”, destaca. Com 641 mil viagens internacionais, houve um aumento de, aproximadamente, 132% neste índice em relação a 2020.

Tribuna do Norte

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