A cadeirada e o gato morto
A estratégia surte 3 efeitos positivos: choque surpresa, desvio de atenção e timing em contexto
A estratégia dead cat ou deadcatting, na tradução literal “gato morto”, adotada pelo candidato à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB), deu mais resultados do que o imaginado. O Brasil todo acordou comentando a cadeirada durante o debate dos candidatos à prefeitura de São Paulo e esqueceu das acusações feitas contra Marçal durante o evento. O fato ocorreu no domingo à noite e foi transmitido ao vivo pela TV Cultura. Ao ser provocado, José Luiz Datena (PSDB) agrediu Marçal com uma cadeira.
“Essa estratégia, que chamamos dead cat, é bem simples. Quando você não tem como ganhar uma discussão, joga um gato morto na mesa. Assim todo mundo para de te atacar e passa a comentar sobre o gato. O foco passa ser a coisa sobre a qual você quer que eles falem, e não sobre o problema que tem afetado a você. Foi exatamente o que ocorreu durante o debate. Quando todos estavam falando do passado de Marçal, ele decidiu provocar ao extremo, tirando o outro candidato do sério”, explica Lilian Carvalho, PhD em Marketing e coordenadora do Centro de Estudos em Marketing Digital da FGV/EAESP e fundadora da Método Lumière.
A estratégia foi popularizada pelo político britânico Boris Johnson, que realizava campanhas paralelas para evitar que assuntos indesejados tomassem conta da mídia, como tentou fazer na época da Pandemia, conforme revelou seu Dominic Cummings.
Lilian observa que Marçal conseguiu o que queria, pois o foco virou a agressão e não mais as acusações sobre o passado anterior. “Não se pode dizer que a estratégia foi totalmente ética, mas ela surte 3 efeitos positivos: choque surpresa, desvio de atenção e timing em contexto. Marçal ganhou com isso. Desviou a atenção e o foco virou a cadeirada”, analisa.
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