A ilha com 16 habitantes que luta para não desaparecer; moradores enfrentam fortes inundações com frequência

Foto: Ann Johansson/Corbis via Getty Images

Os 16 habitantes da minúscula ilha alemã de Oland enfrentam fortes inundações com frequência. Mas não têm intenção de sair de lá. “Não temos mais crianças aqui, e ninguém está se mudando para cá. Éramos 52 moradores. E agora somos 16”, diz o ex-prefeito Hans Bernhard.

Oland é uma das chamadas ilhas Hallig, pequenas ilhotas localizadas no Mar do Norte que se encontram a apenas alguns metros acima do nível do mar.E, como não têm dique de proteção, podem inundar facilmente durante a maré alta.

“Uma ilha tem um dique em volta que impede as inundações do mar. Mas as ilhas Hallig são inundadas por água 1 metro acima do nível do mar. Essa é a diferença”, explica Bernhard.

É o que acontece no inverno, quando as tempestades inundam Oland durante semanas.

“Isso significa que, durante as tempestades, a água inunda o terreno em que estamos agora”, conta Hans Richardt, um dos moradores da ilha.

Mas a luta pela sobrevivência em Oland começou desde o início do século 20.

“Por volta de 1900, todas as ilhotas por aqui foram protegidas com muralhas de pedra destinadas a preservar a ilha e estabilizá-la. Do contrário, não estaríamos aqui agora”, acrescenta.

As inundações dificultaram o uso do porto para transporte pela população local.

No entanto, a ilha é ligada ao continente por meio de uma linha férrea — e os moradores conduzem uma espécie de vagão aberto pelos trilhos por 20 minutos para chegar até lá. “As pessoas na cidade andam de metrô e de trem. Aqui, nós dirigimos esses vagões.”

“Em 1923, a via férrea foi construída. Mas não era destinada aos nossos vagões. Fui então a Husum, iniciei uma negociação com o governo federal e consegui a autorização para usar a via férrea para os moradores”, explica Bernhard.

Bettina Freers, uma das moradoras, lembra quando se deparou pela primeira vez com o inusitado meio de transporte.

“Pensei: ‘É nessa sucata que eu devo entrar?’. Achei muito interessante. Não tinha teto. Sentamos com a bagagem e cruzamos a água. No horizonte, vi essa ilhota. Foi como pousar em outro mundo”, descreve.

Ela conta que encontrou paz em Oland.

“A maior diferença é que eu vim de uma cidade grande, Hanover. E, de repente, foi como se tivessem desligado o interruptor. Tudo que vem até você todos os dias, todos os estímulos e ruídos, tinham sido desligados.”

“Cheguei aqui e ouvi o canto dos pássaros. Escutei o som do vento entre as árvores. Depois vi o mar, e senti calma.”

Mas será que a população não tem medo das inundações?

“Medo, literalmente? Não. Não acho que seja a palavra certa. Respeito, definitivamente, bastante. Inquietação, talvez, quando o nível da água está muito alto. Pode ser perigoso”, diz Richardt.

“Mas mesmo assim, nós não temos medo. A gente só começa a pensar: ‘O que vamos fazer agora?'”

Freers também não se intimida e deseja vida longa à ilha.

“Espero que sempre haja pessoas aqui com energia, que apreciem este lugar e que possam sentir uma conexão mais profunda com esta ilhota.”

BBC NEWS BRASIL

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