Alta do dólar será novo vilão das contas de luz
A escalada do dólar deve ser o novo vilão da conta de luz dos brasileiros. Além dos efeitos da estiagem, que neste ano representaram aumentos superiores a 50%, agora é a moeda americana que vai pressionar os próximos reajustes tarifários das distribuidoras do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. A explicação está na cota que cada empresa tem de energia da Hidrelétrica de Itaipu, cotada em dólar.
Na Bandeirante, que atende 28 municípios de São Paulo, o dólar na energia de Itaipu poderá representar 8,8 pontos porcentuais dentro do reajuste anual, calcula a Comerc, que considerou um câmbio médio de R$ 4. Na carteira de energia da empresa, 19% do total vem de Itaipu. Ou seja, qualquer oscilação no dólar tem impacto relevante nas contas da companhia.
O mesmo ocorre com a CPFL Piratininga, distribuidora que atende 27 municípios do interior e litoral de São Paulo. Pelos dados da Comerc, a parcela do reajuste devido a alta do dólar poderá chegar a 9,5 pontos porcentuais. Segundo a empresa, os valores ainda estão em fase de avaliação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Fonseca, explica que as empresas sentem o impacto do aumento do dólar simultaneamente, mas só podem repassar para o consumidor na data dos reajustes. Segundo ele, se não tiver alteração no cenário energético, o câmbio deve ser o item que mais vai contribuir para o aumento das tarifas em 2016. “Mas não podemos prever em que nível os reajustes ficarão. Há uma série de incertezas que não permite previsões.” Uma delas é a questão da hidrologia. Se não chover o suficiente, o País terá novamente de acionar as térmicas, mais caras.
Outro fator que pode representar pressão sobre a tarifa são os leilões que vão ocorrer nos próximos meses. Se o valor ficar acima do praticado hoje, a diferença será repassada para a tarifa do consumidor.
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