ANAC Colombiana confirma ‘Pane Seca’ no avião que transportava time Chapecoense

O blog Jair Sampaio noticiou ontem, em primeira-mão, com áudio de pilotos

As autoridades colombianas confirmaram que a falta de combustível foi a causa da queda do avião da Lamia com a delegação da Chapecoense na Bolívia. A última conversa entre o piloto e a torre de controle foi a peça que faltava para montar o quebra-cabeça. O piloto avisou à torre que estava mesmo em pane seca, ou seja, sem combustível, segundos antes de o avião cair.

O secretário de Segurança Aérea da Colômbia, Freddy Bonilla, confirmou as suspeitas que todos vinham apontando. No momento da queda, o avião que levava o time da Chapecoense não tinha combustível. Segundo Bonilla, a principal linha de investigação é de que a pane seca tenha parado os motores.




O secretário confirmou também a versão de que a torre de controle deu prioridade de pouso para outro avião, da companhia Viva Colombia, que reportou vazamento de combustível.

O diretor da Aeronáutica Civil da Colômbia, Alfredo Bocanegra, defendeu a atuação da controladora de voo. E disse que o piloto da Lamia recebeu todas as orientações necessárias.

Em entrevista a um jornal boliviano, ele insinuou que o piloto, Miguel Quiroga, pode ter escondido inicialmente a falta de combustível por medo de futuros problemas, já que ele era também o dono da companhia aérea.

Na entrevista coletiva, as autoridades negaram os rumores de que já teriam recebido denúncias anteriores sobre a insegurança nos voos da Lamia, uma companhia pequena que tem apenas um avião.

Até agora, as autoridades da Colômbia evitavam falar sobre as causas da tragédia. Diziam que era melhor esperar a análise das caixas-pretas. Mas tiveram que deixar essa postura cautelosa de lado depois do vazamento de um áudio revelador. A imprensa colombiana divulgou a última gravação do piloto que levava a Chapecoense com a torre de controle do Aeroporto de Medellín.

Ao se aproximar do aeroporto, o piloto diz que está com problema de combustível.

Piloto: Em aproximação, solicitamos prioridade para aproximação. Estamos com um problema de combustível.

A controladora dá a entender que outro avião também tinha problema de combustível.

Torre: Entendo que solicita prioridade para o pouso igualmente por problema de combustível, correto?



Piloto: Afirmativo.

Torre: Ok, então lhe darei vetores para proceder ao localizador e efetuar aproximação em 7 minutos, diz a controladora.

Vetores são as coordenadas para o pouso. Dois minutos mais tarde, o piloto boliviano pede novamente as coordenadas.

Piloto: Tenho emergência de combustível, senhorita. Por isso te peço de uma vez um trajeto final. Preciso descer imediatamente, Lima-Mike 2933.
Torre: Capitão, você está em 2-1-0, necessito reduzir o seu nível. Teria que virar à sua direita para iniciar a descida.
Piloto: Negativo, senhorita. Já estamos iniciando a descida e precisamos do localizador. Senhorita, voo Lima-Mike 2933 está em falha total, elétrica total, sem combustível.
Torre: Você está a 8,2 milhas da pista, que altitude tem agora?
Piloto: Jesus!

A gravação confirma os relatos de outros pilotos de que quatro aviões chegaram juntos ao aeroporto e a torre deu prioridade ao avião da companhia Viva Colombia, que avisou antes sobre um vazamento de combustível. Nesse momento, o voo da Lamia teve que aguardar. E esse imprevisto foi fatal, porque o avião praticamente não tinha reserva de combustível.

Especialistas apontam alguns erros do piloto nesse caso. Ele não poderia ter decolado com a quantidade exata de combustível. E deveria ter parado pra reabastecer.

“Foi um erro grave, muito grave, porque ele tinha uma viagem de 4 horas e 15 e apenas 4 horas e 40 de combustível, ele tinha que ter parado”, disse o escritor e piloto Ivan Sant’Anna.

Depois de tudo isso que se viu, o Bom Dia Brasil tentar resumir o passo a passo dessa tragédia.

A distância entre Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, e Medellín, na Colômbia é de 2.985 quilômetros.

Esse tipo de avião que estava sendo usado tem uma autonomia de pouco mais do que isso, de 3 mil quilômetros. Ou seja, a margem de manobra, se tivesse que buscar outro aeroporto ou fazer algum desvio, era praticamente zero.

Quando o avião da Lamia se aproximou do Aeroporto de Medellín, outros três voos também estavam chegando.

Um deles, o da Viva Colombia, reportou um vazamento de combustível e ganhou prioridade.

O avião da Chapecoense teve que girar em círculos, aguardando a liberação da pista. Como estava no limite, o combustível foi acabando. Quando o piloto avisou que estava sem combustível e com falha elétrica, era tarde demais.

O avião perdeu contato com a torre e despencou. Bateu no topo da montanha e os destroços foram parar bem mais abaixo.

Na hora do impacto, o avião estava a 250 quilômetros por hora, uma velocidade baixa na aviação. Por isso, houve sobreviventes.

lamia

TEXTO: BOM DIA BRASIL (ORGANIZAÇÕES GLOBO)

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