Aplicação de vacinas contra covid-19 diminui 45% entre setembro e outubro

Foto: Magnus Nascimento

A aplicação de doses da vacina contra a covid caiu 45% no Rio Grande do Norte entre os dias 1 e 26 de outubro, em comparação com o mesmo período de setembro, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Até o dia 26 de outubro, foram aplicadas 365.931 doses, pouco mais da metade dos imunizantes aplicados entre 1 e 26 de setembro: 664.749. No mesmo intervalo de tempo de agosto, 768.979 doses tinham sido aplicadas. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde do Rio Grande do Norte (Sesap), a redução acontece pelo baixo índice de procura da população pelas vacinas.

A meta do Governo do Estado era vacinar todos os potiguares maiores de 18 anos com ao menos uma dose até setembro. Cerca de 2.295.408 adultos receberam ao menos uma dose, o que representa 86% do objetivo atingido para este grupo. O estado ainda possui 362.292 pessoas maiores de 18 anos que não receberam nenhuma dose. A Sesap informou que faz uma busca ativa junto aos municípios para localizar e imunizar os potiguares que ainda se recusam a receber o imunizante contra a covid-19, portanto não há previsão para que o estado atinja a imunidade coletiva com 75% da população geral vacinada com as duas doses.

De acordo com o médico epidemiologista Ion de Andrade, embora o cenário apresente bons índices, como o avanço da vacinação e a redução de internações, a quantidade de pessoas que ainda resistem aos imunizantes é uma ameaça ao controle da pandemia. “O fato de as pessoas não buscarem se vacinar tende a construir um cenário negativo. É preocupante porque nessas pessoas a doença acontecerá como ela sempre aconteceu sem a vacinação. Elas podem desenvolver casos graves na mesma proporção de antes. Se forem jovens serão mais raros, mas não serão inexistentes”, explica.

A Sesap afirma ainda que registra irregularidade na busca pela vacinação entre os adolescentes e enfrenta problemas de desabastecimento de doses do imunizante da AstraZeneca devido a paralisação de produção na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) por falta de insumo. Representantes da pasta acreditam que os dois fatores contribuíram para diminuição no ritmo da campanha de vacinação contra o coronavírus. Entre o público-alvo de 12 a 17 anos, somente 56% do grupo (180.693) recebeu a primeira dose.

Para Ion de Andrade, o atraso na vacinação cria espaço favorável para disseminação da variante Delta, além do surgimento de novas variantes do coronavírus. “Isso cria um ambiente no qual um certo grupo vai continuar compartilhando o vírus e isso é sempre um fator de preocupação para o surgimento de novas variantes. Se surgir variantes nesse cenário elas podem ser capazes de driblar a imunidade produzida pela vacina. Isso significa que as vacinas teriam que ser atualizadas, mas não significa que a gente não teria como se defender. A situação não está resolvida em definitivo”, comenta.

Até a primeira metade de outubro, o Rio Grande do Norte registrava 173 amostras positivas para a variante Delta em 30 municípios. Os resultados são referentes a amostras coletadas nos meses de agosto e setembro que tiveram seu resultado divulgado em 15 de outubro pelo Laboratório Central Dr. Almino Fernandes (Lacen-RN).

Sesap usa reserva para cobrir a falta de vacina

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sesap) distribuiu, na quinta-feira (28), cerca de 58 mil doses, sendo a maior parte do lote (29 mil) oriunda da reserva técnica do Estado após um acordo com os municípios para cobrir a falta de imunizantes da AstraZeneca/Oxford. “A falta das doses é ocasionada pelo atraso na remessa por parte do Ministério da Saúde dentro do prazo para completar o esquema vacinal. Em levantamento feito recentemente, a Sesap constatou junto às gestões municipais que estão em falta 70.864 doses de AstraZeneca”, disse a pasta em nota.

Do quantitativo enviado aos municípios, a maior parte é de doses do imunizante da Pfizer (49 mil). A Câmara Técnica de Vacinas, autorizou a utilização da vacina da Pfizer como segunda dose para quem tomou a primeira de AstraZeneca. Segundo a Saúde, a medida “segue estudos realizados dentro e fora do Brasil que comprovam a eficácia da utilização da Pfizer nestas condições”.

Novas remessas

O Ministério da Saúde sinalizou na quarta-feira (27) que deverá encaminhar 439.570 doses ao RN. De acordo com a nota técnica emitida pelo órgão federal, serão recebidas em solo potiguar 110 mil doses de AstraZeneca e outras 281.600 unidades de CoronaVac para ampliar a cobertura vacinal entre os adultos que ainda não iniciaram seu esquema de imunização. O restante da remessa, segundo o MS, terá ainda 47.970 Pfizer, a serem utilizadas como reforço em idosos (18.720) e profissionais da saúde (29.250).

De acordo com o RN + Vacina, aproximadamente 4,4 milhões de doses contra a covid-19 foram aplicadas no estado até ontem (28). A cobertura para o público acima dos 12 anos, entre os que tomaram ao menos uma dose, chega a 79% da população (2,5 milhões de pessoas) e 55% com duas doses (1,7 milhão). Até o momento, pouco mais de 140 mil potiguares tomaram a dose de reforço.

Ministério faz acordo para produzir vacinas

Para garantir, ao Ministério da Saúde, ampla disponibilidade de vacinas durante a Campanha de Vacinação contra a Covid-19 em 2022, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) deu um passo importante nesta quinta-feira (27). Em Cambridge, no Reino Unido, na sede da AstraZeneca, a Fiocruz assinou com a farmacêutica britânica um termo de compromisso para a compra de Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) suficiente para a produção de 60 milhões de vacinas Covid-19.

O investimento passará dos U$ 300 milhões, o que corresponde a, aproximadamente, R$ 1,6 bilhão. Durante a assinatura do compromisso, estavam presentes o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, o CEO Global da AstraZeneca, Pascal Soriot, e o presidente da AstraZeneca no Brasil, Carlos Sánchez-Luis.

“É fundamental o desenvolvimento do complexo econômico industrial da saúde. Nós temos, na Fundação Oswaldo Cruz, por sua tradição centenária, um bom exemplo do que podemos seguir adiante. A encomenda tecnológica realizada pelo Ministério da Saúde e executada pela Astrazeneca e Fiocruz, fez com que o Brasil tivesse vacinas muito eficazes, seguras, efetivas e custo efetivas. A vacina da Fiocruz foi o principal imunizante utilizado no ano de 2021 e, agora, em 2022, nós vamos repetir a aposta. São 120 milhões de doses garantidas e com a perspectiva de mais 60”, afirmou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

Com a aquisição do IFA importado, a Fiocruz deve entregar ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) 120 milhões de doses de vacina logo no primeiro semestre de 2022. Isso porque a Fundação vai produzir outras 60 milhões de doses de vacina Covid-19 com IFA produzido em solo brasileiro. Na última semana, dois lotes do IFA de Bio-Manguinhos foram aprovados em testes internos e seguiram para controle de qualidade realizado em laboratórios dos Estados Unidos.

“Na Fiocruz, nós temos essa tradição de pensar a inovação, a produção tecnológica, sempre a partir da nossa missão junto ao Sistema Único de Saúde”, ressaltou a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade.

As novas doses adquiridas pelo Governo Federal darão ao Ministério da Saúde a capacidade de continuar com a Campanha de Vacinação contra a Covid-19 com as doses necessárias em todos os cenários prováveis. Em 2022, mais de 354 milhões de vacinas serão disponibilizadas ao povo brasileiro, sendo 120 milhões da AstraZeneca e 100 milhões da Pfizer. Outras 134 milhões de doses serão utilizadas a partir de saldo dos contratos firmados em 2021.

Entre os cenários considerados, a Pasta prevê aplicar mais duas doses na população acima de 60 anos, com intervalo de seis meses. Além disso, considera-se administrar mais uma dose de reforço na população até 59 anos; e a possibilidade de ampliar o público-alvo da campanha. Para que isso seja possível, a vacinação em 2022 deixará de seguir o critério de grupos prioritários para ver a faixa etária. POR TRIBUNA DO NORTE

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