Apostas movimentam 1% do PIB e comprometem até 20% do orçamento livre dos mais pobres, diz estudo

O mercado de apostas já soma valor equivalente a 1% do Produto Interno Bruto. A estimativa consta de um relatório da XP Investimentos sobre o mercado que cresceu rapidamente nos últimos anos. O estudo chama atenção para o fato de que as apostas online já têm comprometido uma parcela considerável do orçamento das famílias mais pobres.

O relatório da XP cita a BNL, que é uma agregadora de plataformas de apostas. Essa empresa estimou que brasileiros apostaram entre R$ 100 bilhões e R$ 120 bilhões no ano de 2023. O valor já corresponde a cerca de 1% do PIB.

Desses recursos, as plataformas de aposta online faturaram cerca de R$ 13 bilhões. Ou seja, a cada R$ 100 apostados, R$ 13 ficam com a plataforma. O restante dos recursos é direcionado a pagar prêmios e demais custos.

O faturamento dessas plataformas saltou 71% na comparação entre 2023 e 2020.

O mercado de apostas no Brasil é, proporcionalmente, bem maior que o dos Estados Unidos. Lá, o total de apostas acumuladas em 2022 somou US$ 100 bilhões ou cerca de 0,4% do PIB americano. No Brasil soma 1% do PIB.

Além disso, as plataformas que operam no mercado americano são menos lucrativas, já que a receita bruta somou US$ 7 bilhões no mesmo ano, segundo dados da DraftKings – empresa do setor de apostas eletrônicas. Ou seja, faturam 7% do total das apostas nos EUA. A parcela no Brasil é quase o dobro: 13%.

Quem são os apostadores?

O relatório da XP cita também uma pesquisa da consultoria Futuros Possíveis que mostra que 36% das pessoas no Brasil já disseram ter feito alguma aposta online. Nesse grupo, 78% dizem que apostam com frequência.

Entre os apostadores ouvidos, 80% gastam até R$100 a maioria dos usuários de baixa renda (58%) gasta menos de R$50. Os números dessa pesquisa são semelhantes à outro estudo, da QualiBest, que cita que a média das apostas é de R$ 58 por mês no Brasil.

No relatório, a XP chama atenção que as apostas online já aparecem “como um gasto discricionário relevante para as classes de baixa renda”.

Dados do IBGE mostram que cerca de 22% do orçamento mensal das famílias de baixa renda é gasto com itens discricionários – ou seja, aquele de livre escolha. Essa fatia equivale a R$286 por mês. “Assim, se tomarmos como referência as estimativas acima mencionadas, as apostas mensais (de R$58) já apresentam cerca de 20% do orçamento discricionário das famílias de renda mais baixa”, destaca o relatório da XP.

Escreva sua opinião

O seu endereço de e-mail não será publicado.