Boato de ‘lobisomem’ preso pela PM em Cajazeiras viraliza; entenda a história
Os ‘grupos de Zap’ de Cajazeiras e adjacências foram inundados com a notícia de um suposto lobisomem preso pela Polícia Militar no bairro. A mensagem geralmente consistia numa ocorrência policial relatando a prisão do tal bicho junto com um vídeo, mostrando o híbrido de homem e lobo gritando. Segundo a suposta ocorrência, a prisão teria ocorrido às 20h20 da última quinta-feira (11) na Estrada do Coqueiro Grande, em Fazenda Grande IV.
“No horário e local supracitados, a guarnição a bordo da VRT R-0101 realizava rondas ostensivas quando ao transitar pela via foi contactada via rádio pela CICOM dando conta de indivíduo/animal solto na via, assustando e ameaçando transeuntes. Após primeira tentativa de verbalização foi percebido que se tratava de animal folclórico conhecido popularmente como “lobisomem”, após uso diferenciado e progressivo da força foi feita imobilização do mesmo pelos milicianos e tendo condução feita à 13 DT. A guarnição informou o fato ao CICOM a fim de serem adotadas as medidas cabíveis”, diz a mensagem falsa.
Em contato com o CORREIO, a Polícia Militar informou que não há registro de prisão de qualquer “criatura folclórica” ou pessoa fantasiada na região.
Já o suposto vídeo, na verdade, é parte dos bastidores da gravação do filme “Pampa Ferroz”, que compõe o longa “As Fábulas Negras”, de 2014. A obra é do diretor Petter Baiestorf e conta a história de um lobisomem solto meio da roça.
Pandemia de fake news
O lobisomem de ‘Cajacity’ não é a primeira fake news de monstro a surgir na pandemia. Há algumas semanas, apareceu a história de uma criatura assustando os moradores da Ilha de Misericória, em Itaparica.
No caso desse monstro, eram algumas crianças fantasiadas para uma peça ocorrida anos atrás. Mesmo assim o causo ganhou força na cidade.
“Está todo mundo falando sobre isso, os grupos do ‘zap’ e ‘face'”, revela Marise, dona de um restaurante em Itaparica. “Eu acredito que é algum besta tentando assustar as pessoas”, teorizou, cética, Gerusa, outra residente.
Assim como na história do lobisomem, também disseram que a criatura de Itaparica foi presa pela polícia. A informação foi igualmente rechaçada.
As fotografias que circulavam eram duas. Uma mostra a criatura com braços longos andando ao lado do que parece ser uma igreja. A outra retrata o que parece ser uma família de “monstros”, com pais e um filhote, andando por uma estrada de terra escura.
Com uma busca reversa no Google, as imagens não apareceram em nenhum contexto diferente deste boato. Ou seja: elas, provavelmente, foram criadas especificamente para dar vida à história.
O designer Francisco Patrício, especialista em edição de imagem, analisou as fotos e não encontrou nenhum indício de edição digital.
“A primeira tá muito bem feita, por causa das sombras. O bicho está indo de encontro à luz, e ela tá muito certinha à frente do bicho. E na segunda está muito difícil de identificar até mesmo existência de sombra por não estar iluminado”, analisou.
Resumindo: há chance das fotos serem verdadeiras, mas isso não significa que elas sejam reais. Ambas estão com baixa luminosidade e definição. Com isso, é fácil alguém fantasiado, por exemplo, parecer muito mais assustador que o normal.
“Não dá para cravar se são falsas ou verdadeiras. Porém, fotos em baixa resolução são perfeitas para ilusão de ótica. Pode se fantasiar e ir para o escuro que assim fica fácil criar algo que pareça real”, conclui.
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