Bolsonaro responde Merkel, chanceler alemã, e diz que Brasil não será subserviente

Demonstrando irritação e cansaço ao desembarcar no Japão para participar do encontro do G20, o presidente Jair Bolsonaro disse que o Brasil não terá, como já fez no passado, uma relação de subserviência com qualquer país. Ele se referia a uma declaração da chanceler alemã Angela Merkel que disse desejar ter uma conversa clara com o brasileiro sobre o desmatamento.

“Nós temos exemplo para dar para a Alemanha sobre o meio ambiente. A indústria deles continua sendo de carvão e a nossa, não”, disse Bolsonaro ao chegar ao hotel St. Regis, no centro de Osaka, onde estará hospedado pelos próximos três dias. “O presidente do Brasil que está aqui não é como os anteriores, que vieram aqui (G20) para serem advertidos. A situação aqui é de respeito para com o Brasil.” Ele não se referiu a uma situação específica de advertências anteriores.

Bolsonaro, entretanto, disse que é preciso avaliar o que Merkel falou e aproveitou para criticar a imprensa. “Eu vi o que está escrito, mas, lamentavelmente, o que a imprensa escreve não é aquilo…” Neste momento um dos jornalistas disse que a declaração de Merkel foi publicada pela imprensa alemã. “Não interessa se é alemã, e deixa o completar o raciocínio, faz favor. Então tem de fazer a filtragem para não deixar se contaminar pela mídia escrita.”

A declaração de Merkel teria sido uma resposta a ONGs e parlamentares alemães ligados à causas ambientais sobre acordos de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul mesmo com decisões controversas do governo brasileiro sobre o tema. A chanceler disse que não poderia frear as negociações, mas que falaria com o presidente brasileiro sobre a questão.

Durante a rápida coletiva, Bolsonaro não deu detalhes sobre o encontro bilateral que terá com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Espero ter uma reunião reservada. E se é reservada é reservada.” Como pano de fundo da cúpula do G20, que ocorre nesta sexta e sábado, está a disputa comercial entre chineses e norte-americanos, com denúncias de espionagem e “terrorismo econômico”. “O Brasil não tem lado na questão comercial, a gente não quer que haja briga para a gente se aproveitar. Queremos a paz.”

Drogas
Bolsonaro encerrou a entrevista sem comentar a apreensão de cocaína com um segundo sargento no avião da Força Aérea Brasileira (FAB) de apoio à comitiva de Bolsonaro. O militar foi preso em Sevilha – uma das paradas previstas inicialmente – pela polícia espanhola. O porta-voz da Presidência, Otávio do Rego Barros, disse que o governo está tomando todas os dados para fornecer dados para que as autoridades tomem as providências legais.”

“O presidente, o Ministério da Defesa e o Comando da Força Aérea não admitem em hipótese nenhuma procedimentos desse tipo em relação aos seus recursos humanos”, disse Rêgo Barros. “Isso deve ser rapidamente apurada e a pessoa seja punida dentro dos trâmites legais.” As falhas na segurança, segundo o porta-voz, estão sendo verificadas a partir de inquérito policial militar sob responsabilidade da FAB. Questionado se a irritação do presidente com os repórteres tinha relação com a apreensão da droga, Rêgo Barros negou. “Tem a ver com as 25 horas de viagem (entre Brasília e Osaka).”

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