Campanhas eleitorais contrataram 1,2 milhão de pessoas em 2024, movimentando R$ 1,9 bilhão
As campanhas eleitorais no Brasil em 2024 contrataram diretamente cerca de 1,2 milhão de pessoas, de acordo com dados das prestações de contas enviadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até o último dia 20. Esses contratos, que incluem desde trabalhos de militância até serviços específicos como locação de imóveis e veículos, somaram R$ 1,96 bilhão dos R$ 6,22 bilhões declarados pelas campanhas.
Mais da metade das contratações, aproximadamente 669 mil pessoas, atuou em atividades de mobilização de rua, como panfletagem e ações de militância. Contudo, o número real pode ser ainda maior, já que muitas despesas relacionadas ao pessoal foram registradas de forma genérica. A remuneração média para essas funções foi de R$ 1.020, variando conforme o tempo, local e tipo de trabalho.
Histórias de quem trabalhou nas campanhas
Bruna Rocha da Silva, 38, foi uma das contratadas para a campanha do candidato a vereador Vinicius Cordeiro (Cidadania), na zona norte do Rio de Janeiro. Coordenando uma equipe de 11 pessoas, Bruna ganhava R$ 1.600 mensais. Desempregada desde agosto, após a empresa terceirizada em que trabalhava perder o contrato com um banco, ela viu no trabalho temporário uma oportunidade para complementar a renda:
“Eu estou recebendo auxílio desemprego, mas não dá para tudo. Esse dinheiro extra veio em ótima hora”, contou.
Bruna encontrou a vaga por meio de uma associação de moradores no morro do Salgueiro, onde vive. Ela destacou o impacto positivo do trabalho temporário, mesmo que limitado ao período eleitoral.
Impacto econômico em outros setores
Além das contratações diretas, as eleições impulsionaram setores como a indústria gráfica, principal destinatária dos recursos de campanha. Muitas gráficas ampliaram temporariamente suas equipes para atender à demanda de candidatos.
“Precisa empacotar, dobrar, separar. É um trabalho praticamente manual mais na linha final. A produção gráfica é toda automatizada”, explicou um representante do setor.
Regras de contratação
O TSE impõe limites de contratação para evitar abusos, como o uso de recursos para compra de votos. Para candidatos a prefeito, o teto é de 1% do eleitorado até 30 mil eleitores, com uma contratação adicional a cada mil eleitores acima desse número. Para candidatos a vereador, o limite é a metade.
Em São Paulo, por exemplo, candidatos a prefeito puderam contratar até 9.592 pessoas, enquanto os que disputavam uma cadeira na Câmara Municipal tinham limite de 4.796 contratações.
Os números demonstram como as campanhas eleitorais movimentam a economia temporariamente, oferecendo oportunidades de trabalho, mas também reforçam a importância de uma regulamentação rigorosa para garantir a transparência no uso dos recursos.
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