Copa América tem despedida de Messi, teste para Dorival na seleção e ‘batismo’ de Endrick
A 48ª edição da Copa América, que terá como palco os Estados Unidos, tem início nesta quinta-feira com um contraste de gerações. Se Lionel Messi, dono de oito Bolas de Ouro, ensaia sua despedida pela Argentina, Vinícius Júnior lidera uma seleção brasileira sem Neymar no embalo da conquista da Liga dos Campeões, ao lado de Endrick. A competição será um teste tanto para o jovem de 17 anos quanto para Dorival Júnior, que teve tempo para treinar e dar a sua cara ao time nacional.
A Argentina deve ser o time a ser batido. Após superar o Brasil na final da Copa América de 2021, no Maracanã, em uma edição marcada pela pandemia de covid-19, os argentinos viraram a chave Além de ter encerrado uma seca de 28 anos (o último troféu havia sido o de 1993), eles vivem uma nova fase desde então. Sob o comando da dupla de “Lionéis” – Scaloni, o técnico, e Messi, o cérebro da equipe -, a seleção argentina corroborou seu bom momento com a taça da Copa do Mundo do Catar, em 2022. Não à toa, lidera o ranking da Fifa.
Líder isolada das Eliminatórias da América do Sul (cinco vitórias e uma derrota), a Argentina tem uma nova missão nos Estados Unidos: colocar a faixa no peito pela 16ª vez e, assim, se consolidar como a maior vencedora da competição, deixando os uruguaios no segundo posto, com 15 troféus – o Brasil soma nove e é o terceiro maior vencedor.
Messi, que completa 37 anos no dia 24, já anunciou que o fim da sua carreira está próximo. Outro veterano, e também decisivo, Angel Di María, 36, colocou o torneio continental como capítulo derradeiro da sua história com a seleção. Foi dele o gol do título no 1 a 0 sobre os brasileiros, no Rio de Janeiro, na última edição do torneio.
Com a dupla, Scaloni mantém a base do Mundial do Catar. Assim, ele conta com a experiência de Emiliano Martínez no gol e com a eficiência de nomes como Cristián Romero, Rodrigo de Paul, além do faro de gol de Julián Álvarez e Lautaro Martínez.
CANDIDATO A MELHOR DO MUNDO
Eficiência comprovada do lado argentino, etapa de reconstrução do lado brasileiro. Sem Neymar, que se recupera de lesão no joelho esquerdo, o Brasil chega à Copa América em um início de trabalho.
Desde a queda para a Croácia nas quartas de final na última Copa do Mundo, as decepções se acumulam. Após as performances abaixo do esperado de Ramon Menezes e Fernando Diniz à beira do campo, Dorival Júnior chegou para “arrumar a casa” da seleção brasileira.
Escolhido para tirar a seleção do incômodo 6º lugar nas Eliminatórias Sul-Americanas do Mundial de 2026 (apenas duas vitórias em seis rodadas), Dorival tem na Copa América o seu primeiro grande teste. Com dois triunfos (Inglaterra e México) e dois empates (Espanha e Estados Unidos) sob sua gestão, o treinador tem no elenco atletas do nível de Rodrygo (Real Madrid), Raphinha (Barcelona), Lucas Paquetá (West Ham) e Gabriel Martinelli (Arsenal). Mas é Vinícius Júnior, favorito ao prêmio de melhor do mundo, que surge como candidato a destaque da equipe. Contra ele, porém, os números pela seleção são modestos. Em 30 jogos, foram apenas três gols.
“Cobram do Vinícius Júnior as atuações que ele tem no Real. Acho que isso vai acontecer nos momentos mais importantes e decisivos da Copa América. Por enquanto, vamos aguardar, ter paciência e dar condições para esses garotos encontrarem o seu melhor”, afirmou o comandante, na reta final de preparação.
Protagonista do Real Madrid, o atacante voltou a balançar a rede em uma final de Liga dos Campeões na conquista do torneio sobre o Borussia Dortmund. Resta agora saber se o brilho que o ilumina na Europa vai ser suficiente para guiá-lo a ponto de comandar a equipe nacional nos EUA.
ENDRICK, A JOIA
Dorival passou as últimas semanas preparando a seleção brasileira, entre amistosos e períodos de treino em Orlando. Preocupado em ajustar a equipe, o treinador tem um outro cuidado: preservar o jovem Endrick.
Contratado pelo Real Madrid, ele mostrou seu faro de gol no triunfo sobre os ingleses, no empate com a Espanha e na vitória sobre o México. Embora tenha rechaçado comparações com Pelé e Ronaldo, Dorival trata o seu camisa nove com zelo.
“Tudo vai vir com o tempo. Mas que ele não perca a sua essência. O Endrick pode ser muito útil à seleção, desde que tenhamos paciência. Não é só colocar ele lá (em campo) e esperar que resolva a situação. Tudo no seu tempo certo”, disse o treinador
No Grupo D, o Brasil faz seu primeiro duelo com a Costa Rica no dia 24, próxima segunda-feira. Depois, encara os paraguaios na segunda rodada (dia 28) e encerra sua participação na fase de grupos contra os colombianos no início de julho (dia 2).
DESPEDIDA NO URUGUAI
Além dos dois maiores gigantes do futebol sul-americano, o Uruguai, liderado por Marcelo Bielsa, surge como candidato natural ao título. Nas Eliminatórias para o Mundial de 2026, a celeste só está atrás dos argentinos. Recentemente a equipe encerrou um jejum de 22 anos sem triunfos sobre os brasileiros com um contundente 2 a 0 em Montevidéu.
Em campo, as atenções vão se voltar para Darwin Núñez no ataque. Já o veterano Suárez, de 37 anos, deve se despedir da seleção nesta Copa América. Sua participação deve se restringir mais ao banco de reservas do que à titularidade – Cavani não chegou a ser convocado.
Um toque brasileiro chama atenção no elenco montado por Bielsa. Seis atletas que atuam no Brasil vão estar nos Estados Unidos. Quatro deles defendem o Flamengo: Arrascaeta, De la Cruz, Viña e Varela. O goleiro Rochet, do Internacional, e o atacante Canobbio, do Athletico-PR, completam a lista.
Em uma escala menor de favoritismo, outras seleções surgem como candidatas ao título. Invicta nas Eliminatórias e sem ganhar um troféu do torneio desde 2001, a Colômbia tem no atacante Luís Díaz, astro do Liverpool, sua maior esperança. Por jogar em casa, os Estados Unidos podem surpreender.
FORMATO
A competição, que vai contar com 16 equipes, traz a participação de seis nações da Concacaf: Jamaica, Costa Rica, Panamá, México, Canadá e os Estados Unidos, país-sede do evento. Elas se juntam aos outros dez países da América Sul: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.
Divididos em quatro grupos, com quatro equipes cada, a fase de classificação será disputada em turno único. Os dois primeiros colocados de cada chave avançam para a fase de quartas de final e, a partir daí, os confrontos são eliminatórios até a decisão, marcada para o dia 14 de julho.
Argentina, Uruguai e Brasil, as três maiores forças da América do Sul, foram divididos em chaves diferentes. Atuais campeões do torneio, os hermanos fazem o jogo inaugural diante dos canadenses nesta quinta-feira, em Atlanta, pelo Grupo A, que tem ainda Chile e Peru.
TORNEIO É PRÉVIA PARA A COPA DO MUNDO
Como em 2016, os Estados Unidos voltam a sediar uma edição da Copa América. Com promessas de estádios cheios, os organizadores vão fazer uma espécie de ensaio geral visando a Copa do Mundo de 2026 quando, em parceria com o Canadá e o México, o País da América do Norte vai também ser palco do Mundial de seleções.
A Copa América vai ter jogos realizados em 13 cidades e 14 arenas vão receber as partidas das seleções participantes. O Brasil realiza o seu primeiro confronto no SoFi Stadium (com capacidade para 70.000 fãs), em Inglewood. Depois, a equipe vai até Las Vegas na segunda rodada para jogar no Allegiant Stadium (65.500 torcedores) e tem seu último compromisso, no Levi’s Stadium (68.500 pessoas) em Santa Clara.
Cada vez mais inserido no “negócio futebol”, os americanos também serão responsáveis por abrigar mais um evento de grande proporção no ano que vem. Entre os meses de junho e julho, os EUA vão organizar o Mundial de Clubes da Fifa. O torneio, primeiro com essa dimensão, vai ter 32 equipes, entre elas Flamengo, Fluminense e Palmeiras.
Confira os grupos da Copa América:
GRUPO A: Argentina, Canadá, Chile e Peru;
GRUPO B: Equador, Jamaica, México e Venezuela;
GRUPO C: Bolívia, Estados Unidos, Panamá e Uruguai;
GRUPO D: Brasil, Colômbia, Costa Rica e Paraguai.
Estadão Conteúdo
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