CPI da Covid vai reconvocar diretora do Laboratório
Foto: Eduardo Maia
O presidente da CPI da Covid-19, deputado Kelps Lima, anunciou, ontem, que irá reconvocar a diretora-geral do Laboratório Central (Lacen), Magaly Cristina Bezerra Câmara, por ter, segundo ele, “mentido” no primeiro depoimento ocorrido em 18 de agosto, afirmando que não era proprietária de nenhuma empresa. Kelps Lima disse que, naquela ocasião, foi perguntado três vezes a ela, se era dona de alguma empresa, mas sob juramento, “repetiu três vezes que não tinha”.
Lima disse que a CPI pediu informações a Junta Comercial do Estado (Jucern), que confirmou que a diretora do Lacen é proprietária de três empresas: “Ela mentiu na CPI e vai responder pelo crime de falso testemunho”. Segundo Lima, chegaram denúncias à CPI que “há um esquema de rotatividade de empresas entre alguns estados para esquema de corrupção e empresa dela é a primeira a ser investigada”.
A CPI aprovou, inclusive, requerimento do deputado Tomba Farias (PSDB) para que se encaminhem ofícios aos governos da Bahia, Paraíba e Piauí e informem se firmaram eventuais contratos com as empresas Complexo Laboratorial Hope, Hope Laboratórios e Maga Variedades Ltda, justamente as três empresas que teriam a diretora do Lacen como sócia.
“As empresas passam a ser suspeitas na medida em que a diretora do Lacen negou que fosse dona delas, qual o interesse dela de negar três vezes que era proprietária de três empresa, essa dúvida precisa ser retirada, ela pode ter se equivocado e inclusive se retratar”, disse Lima.
O presidente da CPI afirmou, ainda, que no dia do depoimento dela, “poderia ter dado ordem de prisão, pois já sabia que não estava dizendo a verdade, já tinha o documento informal na minha posse e não fiz porque não estou aqui para ser carrasco de ninguém”. Na reunião de ontem, a oitava da CPI da Covid-19, foi aprovado requerimento para convites de quatro parlamentares de outros estados, os deputados estaduais Cabo Gilberto e Virgulino, da Paraíba; deputado Davi Maia, de Alagoas e deputado Soldado Prisco, da Bahia, a fim de falarem sobre a compra dos respiradores comprados pelo Consórcio Nordeste e não entregues aos estados. Os deputados serão ouvidos, possivelmente, em 06 de outubro, mesmo dia em que ocorrerá o depoimento do secretário executivo do Consórcio Nordeste, Carlos Gabas.
O relator dos trabalhos na CPI, deputado Francisco do PT, não apresentou nenhuma objeção aos convites de parlamentares de outros estados nordestinos, mas ponderou que “se está investigando objetos relacionados ao RN, como é que vão trazer elementos de outros estados para questionar aqui”. “Eles não podem fazer perguntas aos investigados, mas podem ser perguntados, porque serão convidados”, arguiu o deputado Kelps Lima.
Já na reunião ontem, a CPI tomou os depoimentos das testemunhas Maria da Apresentação Ubarana, chefe do Grupo Auxiliar, Luciano de Araújo Sabino e Edileusa Leite da Costa, ambos da comissão de recebimento de materiais da Sesap.
Kelps Lima disse que neste sábado (04) faz um mês de CPI e “o saldo é muito positivo”, porque além de “se estar avançando bem nas investigações”, a CPI em momento nenhum “virou algo politiqueiro”.
Na avaliação de Lima, também começou a se identificar, que “a gente pode dar sugestões administrativas para o estado melhorar sua gestão na saúde”.
“Como a gente acabou de ver na sessão de hoje (ontem), a entrega de material não tem uma conferência de qualidade, o que pode ter ocorrido, ter cotado um preço e ter entregue menos, é isso que está se averiguando”, prosseguiu, exemplificando que alguns materiais “não são pesados e não há sequer uma balança” nos almoxarifados da saúde.
O deputado Francisco do PT disse que foram relatadas supostas denúncias sobre rodízio na contratação de empresas, “de maneira que denúncias dessa forma não temos como fazer nenhum tipo de juízo de valor, mas vamos aguardar as respostas dos requerimentos”.
Na sessão da tarde de hoje, a CPI vai ouvir o empresário Paulo Ricardo Leão em substituição a sua sócia Thássila Karen dos Santos Bezerra, na empresa Leão Serviço e Comércio, sobre o contrato de EPIs , na condição de investigado. Kaliny Chrys da Silva Matos, da empresa D-OXXI Nordeste – no contrato de Swab e reagentes para o LACEN, como testemunha.
Magaly diz que não presta serviço ao poder público
A diretora do Laboratório Central, Magaly Cristina Bezerra Câmara, disse ontem que ao ser perguntada na CPI da Covid se é proprietária de empresas, entendeu que o questionamento envolveria a condição de “prestadora ou fornecedora de serviços ou insumos ao poder público estadual”.
A diretora do Lacen afirmou que nunca teve empresa com este vínculo no Rio Grande do Norte. “Daí a minha negativa”, acrescentou. Magaly Cristina afirmou também que jamais registrou “firma na Paraíba”.
Ela disse ser “sócia em dois laboratórios de patologia clínica em Natal, um deles sem movimento nos últimos dois anos, e outro uma pequena empresa que realiza exames laboratoriais privados e que não presta nenhum serviço a nenhum órgão público, muito menos ao governo do estado do RN”. “Estou disposta a entregar cópia do meu imposto de renda e dos meus extratos bancários dos últimos três anos, assim como dos laboratórios do qual sou sócia para comprovar esta afirmação”, destacou.
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