Defesa de Paulo Bernardo diz que prisão é ilegal
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (23) a Operação Custo Brasil, que investiga esquema de pagamento de propina mais de R$ 100 milhões para diversos funcionários públicos e agentes políticos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, entre os anos de 2010 e 2015.
O ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo foi preso preventivamente nesta manhã, em Brasília, durante a operação.Em nota, os advogados do ex-ministro, Verônica Sterman e Rodrigo Mudrovitsch, dizem que a prisão de Paulo Bernardo é ilegal e o ministério, na gestão de Bernardo, firmou apenas acordo de cooperação técnica, pois a Consist, empresa que administrava o software que permite fazer crédito consignado, foi contratada pelo Sindicato Nacional das Entidades Abertas de Previdência Complementar (Sinapp) e pela Associação Brasileira de Bancos (ABBC).
“O Ministério do Planejamento se limitou a fazer um acordo de cooperação técnica com associações de entidades bancárias, notadamente a ABBC e SINAPP, não havendo qualquer tipo de contrato público, tampouco dispêndios por parte do órgão público federal. Ainda assim, dentro do Ministério do Planejamento, a responsabilidade pelo acordo de cooperação técnica era da Secretaria de Recursos Humanos e, por não envolver gastos, a questão sequer passou pelo aval do Ministro”, diz o comunicado.
“Não bastasse isso, o inquérito instaurado para apurar a questão há quase um ano não contou com qualquer diligência, mesmo tendo o Ministro se colocado à disposição por diversas vezes tanto em juízo como no Ministério Público e Polícia Federal. A defesa não teve acesso à decisão ainda, mas adianta que a prisão é ilegal, pois não preenche os requisitos autorizadores e assim que conhecermos os fundamentos do decreto prisional tomaremos as medidas cabíveis.”
Segundo o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal, Paulo Bernardo teve despesas pessoais e de campanhas eleitorais pagas pelo esquema de corrupção investigado pela Operação Custo Brasil.
As investigações apontam que um escritório de advocacia ligado ao ex-ministro recebeu cerca de R$ 7 milhões. Desse total, a estimativa é que 80% do dinheiro custearam gastos do ex-ministro.
Esquema
A partir dos contratos falsos, os recursos chegavam aos destinatários finais, entre eles o ex-ministro Paulo Bernardo.
“O dinheiro sempre saia da Consist, a empresa envolvida, era repassado aos parceiros, que eram esses operadores da lavagem de dinheiro, que eram empresas, em muitos casos de fachada. Não havia prestação de serviço. Em muitos casos, simulava-se prestação de serviços. Esse dinheiro chegava aos parceiros e era, então, distribuído para os destinatários finais. Na ponta da cadeia sempre estavam esses agentes políticos e públicos”, disse o procurador Andrey Borges de Mendonça.
Segundo o procurador Andrey Borges de Mendonça, o ex-ministro não só se beneficiou dos recursos vindos dos desvios como foi fundamental para a criação do esquema. “Paulo Bernardo era ministro do Planejamento à época que foi iniciado o esquema criminoso. Foi ele quem indicou pessoas estratégicas para que o esquema se iniciasse, de primeiro e segundo escalão. Para que esse esquema pudesse não só ser instaurado, mas mantido pelos cinco anos”, ressaltou.
Inicialmente, Bernardo era, de acordo com Mendonça, destinatário de aproximadamente 9,5% do dinheiro repassado às empresas de fachada. Depois, com a saída dele do Ministério do Planejamento, o percentual recebido pelo ex-ministro caiu para 4,6% e chegou a 2,3% nos últimos meses em que as fraudes foram feitas.
PT
A Operação Custo Brasil foi desencadeada a partir da delação premiada do ex-vereador em Americana (SP) Alexandre Romano (PT), que administrava a Consist, empresa contratada para gerir o sistema de concessão de empréstimo consignado para servidores públicos federais.
Segundo as investigações, Romano tinha um grupo de empresas em seu nome e de parentes próximos, que eram usadas para ocultar a origem do dinheiro desviado do contrato com a Consist e fazer pagamentos em benefício do PT. Em contrapartida, o ex-vereador ficaria com cerca de 20% dos valores movimentados pelas empresas de fachada. Romano foi preso na 18ª fase da Operação Lava Jato, em agosto do ano passado.
Valter Correia da Silva
Entre os 11 presos na operação de hoje está o secretário municipal de Gestão da prefeitura de São Paulo, Valter Correia da Silva. De acordo com Mendonça, ele atuou para que os desvios continuassem a ocorrer e recebeu um percentual dos recursos ilícitos. “O secretário de gestão de São Paulo possuía um cargo em uma das secretarias no ministério responsável pela renovação dos acordos de cooperação técnica. Ou seja, Valter era a pessoa responsável por manter o esquema em vigor”, afirmou o procurador.
Correia ocupou o cargo de secretário de Gestão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão de 2005 a 2007. De fevereiro de 2011 a novembro de 2012, ele ocupou a secretaria-executiva adjunta do ministério. E entre novembro de 2012 e fevereiro de 2015, chefiou a assessoria Especial para Modernização da Gestão da pasta. Em março de 2015, foi convidado para trabalhar com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.
Pernambuco
Uma empresa de Pernambuco recebeu aproximadamente R$ 30 milhões oriundos do esquema para, segundo Mendonça, auxiliar aliados políticos do governo do PT. “Esse valor era destinado para que a engrenagem política se mantivesse. A investigação ainda está em andamento para identificar todos os reais destinatários desses valores.” disse.
1 Comentário
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Inácio Augusto de Almeida
jun 6, 2016, 8:19 amLegal é ele furtar da forma mais descarada possível.
Vai recorrer e será solto. E solto vai poder continuar furtando ainda mais, já que estará convencido de que a impunidade está ao seu alcance e de todos os que podem pagar bons advogados. Só para exemplificar, a turma do SAL GROSSO, julgada e condenada, recorreu, todos continuam soltos e exercendo mandatos eletivos na Câmara Municipal de Mossoró. E tão certos estão da impunidade que já são candidatos a reeleição agora em outubro. Legenda é o que não falta para condenado no SAL GROSSO disputar eleição. A coisa é tão escrachada que tem condenado no SAL GROSSO que em entrevista ao Jornal Mossoroense declarou O QUE EU FIZ FOI TÃO POUQUINHO. Se isto não é uma confissão eu não sei mais o que é uma confissão. E mesmo assim, como os recursos não são julgados, pode exercer mandato eletivo, votar leis e aprovar orçamentos. De quebra ser candidato e continuar na vida pública. Encerro dizendo que este condenado FEZ POUQUINHO porque mais não pode fazer. Ou fez e não foi descoberto. Até quando iremos suportar tanta injustiça?
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OS RECURSOS SAL GROSSO SERÃO JULGADOS A QUALQUER MOMENTO.