Direita vê ação contra militares como “cortina de fumaça” e associam caso a Bolsonaro 2026

A Operação da Polícia Federal – que resultou na prisão de militares por supostamente planejarem um golpe de Estado após a eleição de 2022 – repercutiu de formas opostas entre representantes da direita e da esquerda nesta terça-feira (19).

Parlamentares de oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificaram a ação da PF como uma estratégia para desviar a atenção dos problemas enfrentados pela gestão federal. As declarações feitas pelas redes sociais apontam para um suposto uso político das instituições.

Do outro lado, congressistas da base de Lula afirmaram que as relevações da Operação Contragolpe são graves e tentaram associar a investigação ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Eles ainda defenderam que todos os envolvidos sejam punidos com rigor.

Segundo as investigações, o grupo pretendia assassinar o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Quatro militares e um policial federal foram presos.

Para o líder da oposição no Senado, senador Rogério Marinho (PL-RN), o governo quer criar narrativas para encobrir o que chamou de “desastre” da administração petista.

“Já está cansativa essa narrativa de golpe, inflação, corrupção, deslumbramento, equívocos diplomáticos, apoio a ditaduras, dívida pública fora de controle, aparelhamento de estatais e fundos de pensão, ministros do STF fazendo análises políticas e prejulgamentos, inquéritos de ofício que não terminam, censura prévia… Enfim, é mais uma cortina de fumaça para encobrir o desastre desse desgoverno. Padrão PT”, escreveu Marinho.

No mesmo tom, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) questionou a consistência das acusações feitas contra os investigados e ironizou o que chamou de “narrativa”.

“Quer dizer que, segundo a imprensa, um grupo de 5 pessoas tinha um plano [de militares] pra matar autoridades e, na sequência, eles criariam um “gabinete de crise” integrado por eles mesmos para dar ordens ao Brasil e todos cumpririam??? Por mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é crime. E para haver uma tentativa é preciso que sua execução seja interrompida por alguma situação alheia à vontade dos agentes. O que não parece ter ocorrido”, argumentou.

Flávio Bolsonaro também acusou a mídia de atuar com dois pesos e duas medidas ao tratar de ameaças contra Lula em comparação às que foram feitas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. “Quando o alvo de ameaças muito mais reais era o Presidente @jairbolsonaro, o tratamento nas redações era: protesto, manifestação, polêmica. Mas agora a mídia bombardeia todos para acreditarem que estas mesmas instituições estão preocupadas com a vida de um presidente. Muito tarde para pôr esta narrativa goela abaixo. Está escancarado o que eles realmente desejam”, afirmou.

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A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), por sua vez, foi mais direta em sua crítica ao governo e às investigações: “Já não seguem a lei faz tempo. E pior é quererem ver a montagem de cortinas de fumaça para tentar ligar isso ao nosso Presidente. É repugnante”, comentou.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) repetiu as críticas de Flávio Bolsonaro à imprensa e opinou que as instituições estariam agindo com parcialidade.

Apesar das declarações dos parlamentares, outra parte da oposição adota cautela sobre o tema. Indagado pela reportagem, em reserva, um congressista se limitou a responder: “me inclua fora dessa”.

Como os desdobramentos ainda estão sendo conhecimentos, a percepção de alguns oposicionistas é que se deve esperar o desenrolar das investigações relacionadas aos militares para que haja um posicionamento mais robusto.

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