Eleições em Natal: PT força um racha na federação Rede/PSOL

A Federação Rede/PSOL está dividida para as eleições municipais em Natal. A pré-candidata à prefeita psolista, pedagoga Camila Barbosa, foi surpreendida com a suspensão da convenção que ocorreria no sábado por decisão da Executiva Nacional do partido, a fim de apoiar a pré-candidata do PT à prefeita, a deputada federal Natália Bonavides, com o apoio do ex-deputado Sandro Pimentel (PSOL).

“Essa intervenção é orientada por interesses que estão alheios à competência do Diretório Municipal em Natal, que é a instância habilitada para tomar esse tipo de decisão e é quem deve tomar os rumos do partido aqui na cidade nas eleições de 2024. Eu sou filiada ao Partido Socialista de Liberdade há uma década e nunca assisti a uma intervenção dessa natureza e dessa gravidade”, disse ela. Essa pode ser a primeira vez, desde 2008, que o PSOL não apresentará candidatura própria.

Camila Barbosa protestou, nas redes sociais, contra o que classificou de “de violência política de gênero, a tentativa de deslegitimar a pré-candidatura de uma mulher que há 10 anos atua em todas as lutas do povo potiguar e trabalhador”.

A pedagoga é da mesma corrente interna do vereador Robério Paulino, que chegou a se licenciar pra que ela assumisse mandato temporariamente no fim do ano passado e disse que “superar o boicote dos velhos coronéis da política, seja das oligarquias tradicionais ou dentro da minha própria legenda, não é fácil, mas vai continuar atrapalhando os interesses de quem atua em seu próprio favor e não para cumprir o papel fundacional e histórico do pessoal”.

Por 2/3 do partido, a pré-candidatura de Camila Barbosa foi aprovada em 4 de julho pela instância partidária, o diretório municipal, tendo a intervenção sido provocada por recurso de Sandro Pimentel, que apelou, segundo o PSOL Natal, para “sufocar a democracia interna do partido em prol de suas posições individuais”.

O vereador Robério Paulino disse que, “como um dos 101 fundadores nacionais do PSOL, lamenta profundamente a posição intervencionista do diretório nacional, provocada por um setor autoritário do partido no Rio Grande do Norte, que desrespeita uma decisão tomada livre e democraticamente pelo coletivo paritário em Natal”.

Paulino lembra que o PSOL nasceu em 2003 justamente por negar métodos antidemocráticos do PT e políticas feitas naquele pelo partido, como a reforma da previdência e nem o PSOL aceita o arcabouço fiscal do ministro Haddad. “É para fazer esse debate, como também das profundas mudanças sociais, politicas e ambientais, que Natal precisa de Camila Barbosa para ser candidata pelo PSOL”, disse.

A sindicalista e médica Sonia Godeiro, que já chegou a disputar cargos eletivos em Natal e no Rio Grande do Norte, disse que não aceita “puxadinho do PT, não aceitamos, abaixo a intervenção”. Da mesma forma se posicionou Danniel Morais, que foi candidato do PSOL a governador do Estado em 2022: “A pré-candidatura do PSOL é necessária por tudo que ela representa, Camila é uma companheira de luta que nunca abriu mão de nenhuma batalha por Natal”.

A suspensão da convenção do PSOL, ocorreu antes do partido REDE realizar sua convenção, o que ocorreu no domingo (21), para oficializar apoio à Natália Bonavides, com a presença da ministra do Meio Ambiente no governo Lula, Marina Silva.

Tribuna do Norte

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