Em cela com 30 em Natal, detento é achado morto após ‘barulho estranho’
Um preso foi encontrado morto na madrugada deste domingo (1º) dentro da carceragem do setor de triagem do Complexo Penal Dr. João Chaves, na Zona Norte de Natal. Segundo a direção da unidade, 30 presos estavam na cela. Com mais este caso, chega a 9 o número de presos mortos dentro do sistema penitenciário potiguar somente este ano.
“Era umas quatro horas da madrugada quando os agentes penitenciários ouviram um barulho estranho. Foram verificar e já encontraram o preso enforcado”, afirmou o diretor Eider Brito.
Ainda segundo o diretor, o preso morto foi identificado apenas como Fabiano de Araújo. “Chamamos a polícia e o Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep), que é quem realmente pode confirmar o que aconteceu, se foi suicídio ou se o detento foi assassinado”, ressaltou Eider.O diretor acrescentou que nesta segunda-feira (2) será instaurada uma sindicância para apurar o que houve. “Como são 30 presos, acredito que poderemos descobrir com mais facilidade o que aconteceu na madrugada”, disse Eider, suspeitando que o preso não tirou a própria vida.
2015
Ano passado, 28 homens morreram dentro de unidades carcerárias do RN. Deste total, 25 foram assassinados a facadas ou encontrados enforcados, mortos em condições suspeitas. Outros dois morreram soterrados após o desabamento de um túnel na Penitenciária Estadual de Alcaçuz. E, no início de 2015, um adolescente morreu ao ser baleado em uma unidade para cumprimento de medida socioeducativa durante uma tentativa de resgate no Ceduc de Caicó. Os números são da Coordenadoria de Análises Criminais da Secretaria Estadual de Segurança Pública.
Sistema em calamidade
O sistema penitenciário potiguar não passa por um bom momento. E faz tempo. Em março de 2015, após uma série de rebeliões em várias unidades prisionais, o governo decretou estado de calamidade pública e pediu ajuda à Força Nacional. Para a recuperação de 14 presídios, todos depredados durante os motins, foram gastos mais de R$ 7 milhões. No entanto, o sistema permanece em crise. Seis meses depois, o decreto de calamidade foi prorrogado por mais 180 dias e a permanência da Força Nacional também renovada.
Já no dia 17 de março deste ano, o governo do Rio Grande do Norte voltou a renovar o decreto de calamidade no sistema prisional potiguar e mais uma vez pediu socorro à Força Nacional. A renovação da calamidade, por mais seis meses, foi assinada pelo governador Robinson Faria. O documento diz que a renovação tem por objetivo “legitimar a adoção e execução de medidas emergenciais que se mostrarem necessárias ao restabelecimento do seu normal funcionamento”.
Fugas
Além das unidades depredadas e da superlotação, as fugas também se tornaram um problema constante para o Estado. Somente este ano, 185 detentos já escaparam do sistema prisional potiguar. A média é de 11 fugitivos por semana.
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