Em vídeo, sobrevivente diz que ‘viu’ todos morrerem e agradece a Deus por está vivo
Um dos 6 sobreviventes da tragédia do voo da Chapecoense, na madrugada desta terça-feira, falou à imprensa e revelou como escapou com vida do acidente aéreo.
O boliviano Erwin Tumiri, que fazia parte da tripulação, afirmou que não morreu porque seguiu um protocolo de segurança recomendado para desastres aéreos.
De acordo com Erwin, ele permaneceu em posição fetal com uma mala entre as pernas, o que amenizou o impacto da queda.
“Sobrevivi porque segui todos os protocolos de segurança” disse o comissário de bordo. “Com a situação de pânico, muitos se levantaram dos assentos e começaram a gritar. Coloquei uma mala entre as pernas e fiquei na posição fetal, recomendada para acidentes” completou Erwin, em entrevista ao jornal boliviano La Razón.
O comissário era um dos nove bolivianos presentes no voo. Dois sobreviveram. A outra sobrevivente foi a assistente de bordo Ximena Suárez. O restante do voo, os pilotos Miguel Quiroga, Ovar Goitia e Sisy Arias, além dos tripulantes Rommel Vacaflores, Alex Quispe, Gustavo Encinas e Angel Lugo morreram no acidente.
Até o momento 71 pessoas morreram no voo que transportava a Chapecoense e dezenas de jornalistas para a Colômbia.
19 jogadores da Chape, a comissão técnica encabeçada por Caio Júnior, dirigentes do clube, o presidente da Federação Catarinense (Delfim Peixoto), jornalistas da Fox Sports (dentre eles o ex-meia Mario Sérgio) e Globo faleceram na queda.
Além de Erwin e Ximena, três jogadores da Chapecoense (Alan Ruschel, Follmann e Neto) sobreviveram, assim como o jornalista Rafael Henzel.
O goleiro Danilo chegou a ser resgatado com vida, mas não resistiu aos ferimentos.
O que fazer em emergências?
Especialistas em desastres aéreos afirmam que as chances de sobrevivência em tragédias aumentam significativamente caso o passageiro siga à risca os procedimentos corretos de emergência.
De acordo com o Live Science e com a NTSB — uma organização norte-americana independente que é responsável pela investigação de acidentes aéreos — mais de 95% dos passageiros envolvidos em desastres sobrevivem.
Embora cada acidente tenha suas características e, em alguns deles, seja impossível sobreviver, existem algumas medidas que podem aumentar as chances de não morrer.
Posição de sobrevivência. Os momentos mais críticos durante um voo são os três minutos após a decolagem e os oito minutos antes do pouso. Em caso de manobras críticas e pouso forçado, posicione as suas mãos cruzadas sobre a poltrona da frente e apoie a testa nas mãos. Caso não exista nenhum assento à sua frente, deite-se sobre as pernas e abrace-as, mantendo a cabeça baixa.
Durante o momento crítico, os pés devem ficar ao máximo para trás, pois, no caso de um impacto, ajudaria a prevenir canelas e pés sendo quebrado contra a base do assento à frente, o que também atrapalharia uma possível evacuação.
Lugar. O que não faltam por aí são estudos e estatísticas sobre qual seria a área mais segura de um avião, e parece que o consenso é de que a região traseira seria a que apresenta o maior índice de sobrevivência. Obviamente, cada acidente tem características próprias.
Roupas. Um relatório da NTSB apontou que 68% das vítimas de acidentes aéreos morreram devido a incêndios pós-queda, portanto o uso de calçados adequados e roupas que possam proteger a pele são as escolhas mais inteligentes.
‘Brace Position’ já salvou muitas vidas
De acordo com Steve Allright, que é capitão na British Airways e autor do livro “Flying with Confidence“, a Brace Position, posição indicada para para os passageiros durante manobras de risco, possibilidade de impacto e pousos forçados já salvou muitas vidas.
“É incrivelmente raro precisar utilizá-la. No entanto, é uma técnica de segurança reconhecida mundialmente”, afirma.
Ele exemplificou lembrando a ausência de mortes a bordo do voo 1549 em 2009 — que precisou pousar no rio Hudson em Nova York — e foi atribuída ao uso da posição. Em seu site, a Autoridade de Aviação Civil Australiana também cita outro acidente em que um avião bimotor caiu com 16 passageiros a bordo. A maioria estava dormindo no momento, com exceção de um, que acordou, adotou a Brace Position e foi o único sobrevivente.
A série “Mythbusters” (Caçadores de Mitos), exibida pelo canal Discovery Channel, também já fez testes para confirmar a eficácia da posição. Utilizando bonecos de teste e sensores, o programa comprovou que a posição melhora significativamente as chances de evitar ferimentos graves durante um acidente de avião.
Um programa do Channel 4 também colocou um avião de passageiros para literalmente cair no deserto de Sonora, no México. Três manequins a bordo foram dispostos em várias posições: um na clássica Brace Position mais o cinto de segurança, um com apenas o cinto de segurança, e um terceiro com nenhum dos dois.
Os peritos concluíram que o primeiro manequim teria sobrevivido ao impacto. Apesar do cinto, o manequim que não estava na Brace Position teria sofrido ferimentos graves na cabeça, enquanto o que não fazia nenhuma das duas alternativas teria morrido.
1 Comentário
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jair Cordeiro Lopes
dez 12, 2016, 2:12 pmA Chapecoense vive!
Desta multidão encharcada ouço soluços
No meio da chuva, nesta longa avenida
E lacrimejam chapecoenses de bruços
Refletindo sobre os porquês daquela vida.
Gente que era jovem descendo ao solo
Cobrem-nas a terra fria como um manto
Gente que há pouco foi embalada no colo
Pois agora recebe merecido pranto.
E aquilo que se deslindava ventura
Desce suavemente no solo molhado
Onde o alvi verde para sempre fulgura.
Chapecó, estamos com certeza a teu lado
Para, certamente, a bela glória futura
A qual deixará nosso planeta pasmado.