Entenda o que é o chip eSIM e quais as vantagens para segurança do usuário

Foto: Ilustrativa

Os chips de celulares passaram ao longo dos anos por um processo de redução de tamanho: do chip (ou SIM) para o microchip, e então para o nanochip. Mas essa diminuição não parou por aí, e há poucos anos surgiu o chamado eSIM, ou eChip. Evandro Lorens, especialista em informática forense e diretor da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), explica que o eSIM é “uma evolução da tecnologia do próprio chip”, mantendo o mecanismo de informação, mas com um tamanho bem menor.

Um eSIM possui 5 milímetros de tamanho, metade de um nanochip, e a grande mudança em relações aos modelos anteriores é que ele não é vendido separadamente e inserido em um aparelho. O eSIM é soldado na placa do equipamento, em geral, smartphones mais novos e smartwatches, mas também em tablets.

“A principal diferença é que ele não é removível, não dá para transferir para um celular velho. O chip fica amarrado ao dispositivo”, diz Lorens.

A mudança permite que o eSIM receba dados e informações de forma remota, o que melhora a conexão e permite o estabelecimento de uma “linha”, o número de celular, além de conexão remota com outros equipamentos.

Outra mudança com o eSIM é que, apesar do tamanho menor, o chip possui uma memória maior que a dos chips removíveis. Enquanto os nanochips podem chegar a 128G de memória, o eSIM chega a 512G.

Apesar das mudanças, Lorens diz que um eSIM acaba armazenando as mesmas informações que um chip tradicional: os dados do assinante, contatos, informações sobre a linha, entre outros. Apesar disso, um único eSIM consegue receber mais de uma linha, com as mesmas características do sistema dual chip.

Uma facilidade do eSIM está na própria portabilidade de linha, já que não é necessário transferir um chip de um celular para o outro. Em geral, a mudança pode ser feita de forma remota, mas esse processo “ainda é um pouco demorado por parte das operadoras”, diz Lorens.

Mudanças para a segurança dos usuários

Antes de entender como o eSIM pode melhorar a segurança do usuário, é importante entender de que forma as pessoas podem proteger os seus dados, em especial em caso de roubo do celular.

A primeira, e a mais simples, é a chamada tela de bloqueio, onde o usuário precisa digitar uma senha, ou então usar uma digital ou desenho, para ter acesso ao smartphone e seus aplicativos.

Também existem, hoje, aplicativos e recursos dos próprios celulares que permitem não apenas rastrear o aparelho, mas também bloqueá-lo ou deletar todos os conteúdos, em caso de roubo. Essas funcionalidades só ocorrem se o aparelho estiver conectado à internet.

Além disso, é possível entrar em contato com operadoras para bloquear a linha do celular roubado ou perdido, e também fazer com o que o aparelho não saia da tela inicial após ser ligado.

Esse procedimento, porém, só pode ser feito se o chip do celular não tiver sido removido. Exatamente por isso, Lorens afirma que é comum que a primeira coisa que ocorre após um roubo de celular é a retirada do chip e o desligamento do aparelho.

Assim, a maior vantagem para a segurança ao usar o eSIM é que a dificuldade em removê-lo, e o prejuízo, já que é necessário abrir e danificar o celular, dá mais tempo para que a pessoa contate a operadora e consiga o bloqueio do aparelho.

O eSIM também mantém o celular conectado ao 4G ou 3G da operadora, se a opção não tiver sido desabilitada, e com isso também dá mais tempo para o aparelho ser rastreado. E ainda serve para o uso dos aplicativos que deletam conteúdos sensíveis, como senhas de e-mail, informações de cartões e contatos e aplicativos de bancos, o que Lorens considera ser “o mais valioso” hoje nos aparelhos.

Entretanto, Lorens afirma que essas vantagens não têm muita utilidade se a pessoa que perdeu o aparelho não for rápida para bloqueá-lo e impedir o acesso a conteúdos. “Uma pessoa que furtar um aparelho desse, vai usá-lo enquanto você não se comunicar com a operadora”, diz.

Outro problema é que essas medidas só podem ser tomadas enquanto o aparelho estiver ligado. Mesmo assim, Lorens considera que “essa capacidade de interromper um processo de roubo pode desestimular a conduta, porque dá mais trabalho para quem for roubar”.

“É uma novidade bem-vinda, mas a vantagem é mais pela redução de tamanho e o reaproveitamento de espaço. A parte de segurança ainda é bastante equivalente, mas é algo mais prático”, afirma.

Uma crítica que o eSIM tem recebido é que, por estar “aberto” a receber dados e informações de forma remota, ele pode facilitar a ação de hackers e o roubo das informações contidas nele. “Pensando em ataque hacker, eu acho que existem obstáculos, e sempre tem alguém tentando quebrar, eventualmente alguém um dia vai conseguir”, diz Lorens.

Entretanto, ele ressalta que até o momento o eSIM não foi alvo desse tipo de ações, e que os próprios chips tradicionais hoje podem ser clonados, o que mostra que, independente da escolha, haverá vulnerabilidades. “O chip foi lançado como a solução de todos os problemas de segurança do celular, era único, com conteúdo inacessível, mas nos últimos anos temos visto uma clonagem deslavada de chips”, afirma.

Onde encontrar o eSIM?

A CNN entrou em contato com as principais operadoras de telefonia móvel do Brasil, questionando para quem o recurso do eSIM está disponível. Em resposta, a Claro, a Vivo e a Tim afirmaram que todos os planos atuais permitem a migração para o eSIM, sem custos adicionais. A Oi não enviou uma resposta até a publicação desta reportagem.

Entretanto, a mudança demanda um aparelho que possui o chip instalado internamente já na fabricação, algo que existe apenas em smartphones e smartwatches mais modernos. Confira a lista de aparelhos que podem ser usados com o eSIM:

  • iPhone 11, 11 Pro e 11 Pro Max
  • iPhone XR
  • iPhone XS e XS Max
  • iPhone 12, 12 mini, 12 Pro e 12 Pro Max
  • iPhone SE (2ª geração)
  • Samsung Galaxy S20, S20+, S20 Ultra
  • Samsung Galaxy Fold
  • Samsung Galaxy Z Fold2, Fold3 5G
  • Samsung Galaxy Z Flip, Flip3 5G
  • Samsung Galaxy Note 20, 20 Ultra
  • Samsung Galaxy S21 5G, S21+ 5G, S21 Ultra 5G
  • Moto RAZR
  • Apple Watch Series 3, 4, 5, 6 e SE
  • Galaxy Watch, Galaxy Watch Active2, Galaxy Watch 3 LTE e Galaxy Watch Active 4

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