Família colhe 90 toneladas de melão e tem renda de até R$ 45 mil no Sertão da PB
A mesma terra que sofre com a seca e vive rachada por conta da estiagem pode dar frutos e alavancar o desenvolvimento de propriedades rurais do Sertão da Paraíba. Essa é a realidade vivida por uma família de agricultores do município de Conceição, a 480 km de João Pessoa, que colhe 90 toneladas de melão em uma safra, com frutos que chegam a pesar até quatro quilos e são vendidos para João Pessoa, Recife (PE), Juazeiro (BA) e municípios do Ceará, além da região do Sertão paraibano. O trabalho gera renda de até R$ 45 mil por safra. Em um ano, a previsão é de três safras.
Os melões são produzidos em um sítio, na Zona Rural de Conceição, que tem cerca de quatro hectares de área plantada. O local é gerenciado pela família de Lucenyr Leite Pereira que, junto com o marido e três filhos, desenvolvem o cultivo há pouco mais de um ano.
Tudo começou com a perfuração de quatro poços artesianos e a construção de um reservatório para armazenamento de até 220 mil litros de água, além da canalização por mangueiras.
“Tínhamos essa terrinha que era coberta por mato e estava sem utilização. Resolvemos investir, construindo canalização de mangueiras, quatro poços e um reservatório grande para acumular água. Iniciamos o plantio do melão, mas não deu certo da primeira vez e até pensamos em desistir, mas veio um filho meu, que morava em Juazeiro (BA), que se uniu com dois irmãos e tomaram conta. Foi quando deu certo e começamos a colher os frutos”, contou a agricultora.
Com a gerência dos filhos, o plantio começou a dar certo a partir da troca de sementes dos melões, por uma variedade mais cara (AS1), porém mais rentável e mais doce, e modificações no sistema de irrigação, que passou a ser realizado por gotejamento e com uma técnica de cobertura do solo por lonas, para evitar que a terra secasse mais rápido e diminuir o contato do fruto com o solo. Além disso, a instalação de bombas, que captam a água dos poços e armazenam no reservatório tanque, também contribuiu para melhorias no sítio.
“Toda a água é bombeada para o reservatório e, de lá, é liberada através da gravidade para o sistema de irrigação. É mais econômico e, como a planta requer mais água conforme o fruto vai nascendo, podemos controlar melhor o fluxo de água. Para ficar como está agora, a propriedade recebeu investimentos de cerca de R$ 40 mil”, contou Lucenyr.
Foi a partir desse investimento que os frutos deram certo logo na primeira safra, que foi plantada em meados de setembro e ainda é colhida pela família. No total, a previsão, ao final desta primeira safra, é de que 90 toneladas de melão sejam enviadas para João Pessoa, Recife, Juazeiro e cidades do Ceará, além dos municípios vizinhos de Conceição.
“A colheita nos surpreende e é muito boa. Ela deu antes do esperado, com menos de 70 dias após o plantio, porque o tempo está muito quente e favorece o amadurecimento mais rápido do melão. Já mandamos carregamentos para Recife, João Pessoa, Juazeiro-BA, para o Ceará e outros locais. Os melões são ótimos, muito doces, e estão pesando entre 1,5kg e 2kg na média, mas já chegamos a tirar melão de 4kg. Ainda estamos colhendo e temos a expectativa de conseguir três safras como essa em 2016. Não vamos ter um lucro bom nessa primeira safra, já que temos que pagar os investimentos e o preço do quilo do melão não está tão bom. Esperamos que ano que vem o preço saia dos R$ 0,50 e volte aos R$ 1,30 para que tenhamos um bom ganho”, relatou a agricultora.
“Para nós e para nossa região foi uma vitória. É uma região de seca, uma região de divisa de estados e de falta de apoio. Estamos conseguindo realizar nosso trabalho, desenvolvendo o cultivo, gerando empregos e renda, não só para a gente, mas para outros trabalhadores que ajudam com o plantio, com a colheita e com a distribuição do melão para o mercado”, concluiu Luzenyr Leite.
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