Flordelis: depoimentos do primeiro dia de julgamento são marcados por acusações de favorecimento de filhos

Foto: Nicolás Sartriano

A delegada Barbara Lomba foi a primeira a ser ouvida durante o julgamento de Flávio dos Santos Rodrigues e Lucas Cézar dos Santos de Souza, dois filhos da ex-deputada federal Flordelis, presos por suspeita de envolvimento na morte do pai, Anderson do Carmo, nesta terça-feira (23).

Lomba afirmou que a ex-deputada federal foi a responsável por elaborar uma carta que responsabilizaria outros filhos pelo assassinato do pastor. De acordo com o depoimento da delegada, a carta foi copiada por Lucas – filho afetivo da ex-deputada – a mando do filho biológico Flávio, quando os dois estavam presos na penitenciária Bandeira Stampa, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu.

Flávio teria recebido a carta da esposa de outro detento, um ex-PM condenado a mais de 200 anos de prisão por ter participado da chacina da Baixada Fluminense. O conteúdo da carta, disse a delegada, não esclarecia nada do crime, apenas tentava culpar outras pessoas da família de encomendar a morte do pastor.

A segunda pessoa a depor foi o também delegado e ex-titular da DHNSG Allan Duarte, que assumiu a investigação, e chamou o grupo de pessoas que morava na casa de Flordelis de “organização criminosa familiar”.

Segundo ele, Flordelis diferenciava os filhos afetivos dos biológicos, dando preferência e privilégios àqueles que não eram adotados. O delegado explicou que o pastor Anderson, nesse sentido, era o “fiel da balança”, funcionando como um agente que equilibrava essa dinâmica.

Mesmo assim, segundo o policial, Flordelis mantinha uma geladeira dentro do próprio quarto, exclusiva para uso de algumas pessoas. Na geladeira da cozinha, a qual os filhos afetivos tinham acesso, geralmente só tinha água e salsicha.

Allan Duarte também detalhou que o pastor Anderson já havia sofrido tentativas de envenenamento por parte do grupo familiar mais próximo de Flordelis.

Disse ele que duas pessoas muito próximas da ex-deputada pesquisaram termos no Google para saber como seria possível matar alguém com arsênio. O delegado acrescentou que Anderson, antes de ser assassinado a tiros, tinha passado mal várias vezes, provavelmente por ingerir líquidos envenenados. Isso ficou comprovado em duas perícias, segundo Duarte.

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