Francisco Weffort, cientista político e ex-ministro da Cultura, morre no Rio aos 84 anos

Foto: Guilhermo Giansanti / Revista Época / Reprodução

O cientista político Francisco Correa Weffort morreu no Rio, aos 84 anos, no último domingo (1º). Segundo a Casa de Saúde São José, na Zona Sul, Weffort sofreu um infarto do miocárdio. Formado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), Weffort foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT), onde chegou ao cargo de secretário-geral.

Weffort se desfiliou da legenda 1994, quando recebeu o convite para assumir o cargo de ministro da Cultura durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O cientista político participou de forma ativa da campanha das Diretas Já e do protestos pela redemocratização do Brasil.

Gestão cultural

Segundo o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea (CPDoc) da Fundação Getúltio Vargas (FGV), durante sua gestão à frente do Ministério da Cultura, Weffort consolidou a legislação específica para a Cultura implementada a partir de 1992, que passou a ser melhor assimilada e utilizada pelos agentes culturais, empresas privadas e estatais, além do próprio governo.

Ainda de acordo com o CPDoc, a captação de recursos via Lei Rouanet e a arrecadação da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Brasileira atingiram os níveis mais altos em 2001, quando o ministério também recebeu recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento para a recuperação de sítios históricos em 26 cidades brasileiras.

Na entrevista que concedeu ao jornal Valor Econômico em dezembro de 2002, Weffort afirmou que a maioria dos projetos aprovados em sua gestão esteve voltada para cidades pequenas e médias e implicou pequeno aporte financeiro.

Porém, foram os grandes que tiveram maior visibilidade, como a criação da Sala São Paulo, voltada para a música; a restauração da catedral da Sé, em São Paulo; a Mostra do Redescobrimento – Brasil 500 anos; o resgate da sinagoga de Recife e as exposições O Brasil dos viajantes, Rodin e Eckhout.

Foi durante a gestão de Weffort que ocorreu o que se convencionou chamar de retomada do cinema brasileiro, medido pelo percentual de filmes nacionais na programação das salas de projeção, que passou de 1,2%, em 1992, para cerca de 25% em 2001, e pelo número de espectadores de filmes brasileiros, que no mesmo período saltou de 36 mil para quase sete milhões.

O CPDoc informa que o fortalecimento do setor resultou na criação da Agência Nacional do Cinema (Ancine), em setembro de 2001, inicialmente subordinada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

Entre suas principais obras estão “Por que democracia?” (1984), “Qual democracia?” (1992) e “Formação do pensamento político brasileiro” (2006).

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