Garimpeiros atiram contra Polícia Federal em região de conflito da Terra Yanomami
Foto: Divulgação/Polícia Federal
Garimpeiros atiraram contra policiais federais na tarde desta terça-feira (11) quando agentes estavam na Terra Yanomami para levantar informações sobre o conflito armado registrado na comunidade Palimiú na segunda (10). A Polícia Federal revidou e, durante cerca de cinco minutos, houve intensa troca de tiros. Não houve feridos, segundo a PF. Assista no vídeo acima. Os garimpeiros estavam em barcos e atiraram todo o tempo direto do rio. Houve confusão e correria entre os indígenas.
A comunidade fica às margens do rio Uraricorera, onde garimpeiros exploram o ouro ilegalmente. Com a troca de tiros entre a PF e garimpeiros, a localidade registrou o sexto conflito em menos de 15 dias. O clima é de tensão na região.
A PF investigava o tiroteio que aconteceu na segunda (10), um dia antes, e resultou na morte de três garimpeiros mortos e cinco feridos, além de um indígena baleado de raspão na cabeça. A informação dos óbitos foi repassada ao Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuanna (Condisi-Y) pelos indígenas da região, mas a PF não confirma as mortes.
Correria e movimentação de barcos
O confronto desta terça ocorreu quando garimpeiros atiraram contra os agentes. Também estavam na comitiva o líder indígena e presidente do Condisi-Y, Júnior Hekurari Yanomami, e um servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai).
“Quando a equipe de policiais federais estava prestes a embarcar de volta a Boa Vista, uma embarcação de garimpeiros passou no rio Uraricoera efetuando disparos de arma de fogo”, informou a PF em nota. “A equipe se abrigou e respondeu a injusta agressão, sem contudo haver registro de atingidos de nenhum dos lados”, continuou.
Parte do confronto foi registrado em vídeos por Júnior Hekurari Yanomami. As imagens flagraram intensas rajadas de tiros, movimentação dos policiais, de indígenas e dos barcos usados pelos garimpeiros no rio Uraricoera.
“Quando chegamos lá, passaram seis barcos de garimpeiros armados. Depois ouvimos os Yanomami sobre o que havia acontecido e o motivo. Depois que ouvimos todo mundo, aproximadamente 15h20, recebemos os tiros, enquanto estávamos lá com os policiais federais. Os Yanomami atiraram, os garimpeiros atiraram, e os policiais atiraram. É uma situação muito tensa. Só hoje, eles sofreram três ataques”, relatou Júnior Hekurari Yanomami.
Junto com o envio de agentes da PF para a comunidade também estava prevista a ida de tropas do Exército Brasileiro, o que não ocorreu.
Procurada, a assessoria da 1ª Brigada, em Boa Vista, informou que a aeronave com os militares não decolou na capital devido ao mau tempo. O confronto também foi informado ao vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, Dário Kopenawa Yanomami, no momento em que ocorria. Ele recebeu a informação por uma ligação feita de um orelhão que há na comunidade. “Ouvi pelo telefone o tiroteio. O mesmo clima de tensão de ontem [no confronto armado], é o de hoje”, disse.
Por que a região é alvo de conflito?
O conflito em Palimiú ocorre porque, segundo a Hutukara e o Condisi-Y, indígenas montaram uma barreira sanitária no rio Uraricoera e têm retido materiais de invasores que seriam levados à garimpos ilegais na região. POR G1
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