Grupo de Cabral comprava celulares em camelódromo para driblar monitoramento

O depoimento do doleiro Marcelo Chebar ao Ministério Público Federal (MPF), em 24 de janeiro deste ano, revelou que a organização liderada pelo ex-governador Sérgio Cabral adquiria telefones celulares pré-pagos em camelódromos na tentativa de fugir de possíveis investigações da Polícia Federal.

Chebar, que está fora do país, cuidou desde 2003 dos investimentos do ex-governador. Segundo ele, o grupo criou uma série de estratégias para evitar qualquer vigilância.




 

No depoimento, ao qual o G1 teve acesso, Marcelo Chebar conta que o grupo decidiu buscar telefones sem cadastro na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) ou nas operadoras. Os aparelhos eram usados por, no máximo, 15 dias e depois, descartados.

Em camelódromos como o da Uruguaiana, mercado popular no Centro do Rio, os integrantes da quadrilha também compraram modens de acesso à internet (3G ou 4G), também sem qualquer cadastro.

Segundo Chebar, o grupo não queria acesso rápido à internet. A ideia era um aparelho que transmitisse mensagens de texto em códigos que tratavam sobre a entrega de valores ou depósitos: “Pegar 1 milhão no endereço xxxx”, foi um exemplo dado por Chebar em seu depoimento.

A organização ainda buscava aplicativos criptografados para a troca de textos ou pen drives com textos em códigos para burlar qualquer monitoramento. Não havia troca de emails entre o grupo. outra forma de comunicação é salvar mensagens na pasta “rascunho ” de algum email pré-ajustado. A entrega de valores era chamada de “melancia”.

Salas alugadas e guarda em transportadoras

Marcelo Chebar conta que, ao ter em mãos a propina, a quadrilha carregava os valores em pastas no estilo 007, mochilas, em meias elásticas ou dentro de calças. Quando não eram distribuídos, o grupo buscava locais para a guarda do dinheiro ilegal.

Para fugir do olhar do público, a entrega de propina acontecia em hotéis alugados pelo serviço AirBnb, serviço online para as pessoas anunciarem, descobrirem e reservarem acomodações e meios de hospedagem ou escritórios alugados por apenas um dia para os encontros entre os integrantes da quadrilha ou com quem estivesse pagando o grupo por vantagens.

Pago pela vantagem irregular, o dinheiro era guardado em empresas de valores ou em um escritório no Leblon, alugado por Chebar para servir como uma espécie de banco. Outra alternativa buscada pelo grupo era o depósito em uma sequência em contas de difentes pessoas. “Laranjas” em série, o que dificultava o rastreamento sobre o real proprietário do dinheiro.

G1

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