inseticidas tóxicos são usados ilegalmente na alimentação de gado

Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Inseticidas considerados extremamente tóxicos, e cujo uso deveria ser exclusivo em lavouras, estão sendo vendidos e utilizados de maneira improvisada e ilegal na alimentação de bovinos, em Goiás. Vídeos e áudio aos quais o Metrópoles teve acesso mostram irregularidades na venda desses produtos em casas rurais e, também, na orientação de uso.

Os agrotóxicos Dimilin, TrulyMax e Copa, todos com o princípio ativo diflubenzurom, são registrados no Brasil e têm uso autorizado, somente, por meio de pulverização, na agricultura, para controlar larvas e pragas. O que as imagens sugerem, e que inclusive está sendo investigado pela Polícia Civil de Goiás (PCGO), é a venda recorrente desses produtos sem o receituário agronômico ou veterinário, e seu uso misturado ao sal e à ração do gado.

O objetivo dessa utilização irregular na alimentação de bovinos seria o combate à chamada “mosca-do-chifre”, parasita que ataca os animais em locais de difícil alcance, que suga o sangue e prejudica a produção e o desempenho do gado. A ingestão dessas substâncias tóxicas, no entanto, pode gerar consequências não só para a saúde do animal, mas também para os produtos que ele gera, como o leite e a carne.

“O pessoal usa muito”, diz um vendedor num dos vídeos que fundamenta a denúncia. Já outro argumenta para convencer a compra: “O pessoal está adaptando a linha agronômica para a linha veterinária”. Em outra gravação, um vendedor chega a ironizar a presença do símbolo de veneno na embalagem e diz: “Esse veneno [que o povo fala] é só balela. Se não, eu não vendo o remédio”.

Em determinado momento, o cliente pergunta: “Não vai matar a vaca, não?”. O vendedor responde que não, e diz: “Ó, você quer ter uma ideia!? Quando os tanques de peixe têm muito parasita, eles usam Dimilin na água para combater. Se não mata peixe, não mata gado”. VEJA MAIS EM METRÓPOLES

Escreva sua opinião

O seu endereço de e-mail não será publicado.