“Jarro de Bonsai”
O “país de todos” inventa e venta onde a mesmice se deleita nas mentes e nos genes de seus opressores e oprimidos. Banhados pelo Sol forte e enrugados pelo franzimento contínuo da testa ao desejar que o prato subjetivo e abstrato de soluções para que o respeito aos direitos sociais fossem simplesmente objetivos e tangíveis nos fazem crescer feito bonsais, sem raízes profundas, sem grandes copas, carentes de manutenções cautelosas e contínuas.
Nossa terra, “gigante por natureza”, tem sido um desperdício! As raízes intelectuais não podem se aprofundar por não sermos nutridos e não termos espaços para tal, e antes que se pense que a solução é cada um sentar, estudar e fazer sua jornada, bonsais não desenvolvem suas raízes porque elas são barradas pelo jarro. Nosso jarro tem sido manobras descaradas de desvio de recursos culturais, educacionais dentre outros. Somos podados intelectualmente ao irmos às escolas e não recebermos o que por direito deveríamos, somos podados da vida quando tememos andar nas ruas a qualquer hora do dia, e onde fica o “não matarás” nos valores dos que nos fazem temer gerar uma nova vida? Apontemos neste pensamento aqueles que nos sugam e fingem que nada acontece que não é com eles, que a corrupção está no outro, apontemo-nos! Viver é estar nutrido de prazeres para conviver e superar os desatinos, mas quando somos limitados e não podemos desfrutar e nos expandir estamos deixando de viver, e deixar de viver é morrer. Estão nos matando.
Quanto mais especulações maiores são as preocupações sobre nosso jarro, a pergunta passa ser quando e não como vamos esticar nossas raízes e aumentar nossa copa? Professores temporários, que deveriam ser uma medida paliativa estão passando por grandes desconfortos e diretores de escolas sem receber num período delicado de “nove meses”. Mas tudo bem, pois aqueles números do “IDEB”, do “Brasil Alfabetizado”, do “Mais Educação” são cada vez mais altos, belos, fictícios, infecciosos. Nossa cultura tem se perdido nas onomatopeias desvairadas interpretadas por grandes cantores do nosso jarrinho de bonsai, mas que refletem muito bem os altos patamares que o país da educação atinge. Atinge? Ao instigar erroneamente o jargão “um país de todos” rompemos barreiras, e tudo vira oba oba, afinal como a casa é de todos tem se entendido que não há regras, limites, nada de bom senso. Assim aluno deixa de ser “a” e torna-se apenas, ou melhor, é promovido a “luno”. Perde-se aí uma espécie de hierarquia de conquistas impossíveis de ser inversa nesta situação. Amargo, não? Mas o “luno” está nas ruas, e seu estado de alunado é natural dele, e dessa forma perdemos as pérolas, pois já viraram porcos.
Iremos crescer desenvolver e amadurecer, isso acontecerá em qualquer “jarro”! A diferença é que esse conjunto é diretamente proporcional entre si. Quando a união fizer a parte dela, os valores serão colocados onde não deveriam ter saído. Não vivemos de fotossíntese, vivemos? Então porque não pagar corretamente aos funcionários públicos e incentiva-los a crescer? Porque não deixar um bom legado para que ele seja apreciado com orgulho e tomado como referência pelas possíveis futuras árvores de grandes copas e raízes profundas? O que se precisa não é de mais respostas, e sim de execuções concretas.
De Andrade
11 de setembro de 2015. Caicó, RN
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