Justiça pede bloqueio de R$ 25 milhões do marqueteiro do PT João Santana
O juiz federal Sérgio Moro pediu o bloqueio de R$ 25 milhões de João Cerqueira de Santana Filho e de outros R$ 25 milhões da mulher dele, Mônica Regina Cunha Moura. Há mandado de prisão expedido contra os dois. Eles são investigados na 23ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta segunda-feira (22).
Segundo o G1, o casal terá seus nomes incluídos na lista da Polícia Internacional (Interpol) ainda nesta segunda, de acordo com o delegado Igor Romário de Paula. Ambos tiveram a prisão temporária expedida. O prazo vale por cinco dias e passa a contar a partir do momento da prisão.
O publicitário João Santana foi marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff e da campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006. Investigadores suspeitam que ele foi pago, por serviços prestados ao Partido dos Trabalhadores (PT), com propina oriunda de contratos da Petrobras.
Operação Acarajé
Esta etapa da Lava Jato é chamada de Operação Acarajé, que era o nome usado pelos suspeitos para se referirem ao dinheiro irregular, segundo a PF. Ao todo, foram expedidos 51 mandados judiciais, sendo 38 de busca e apreensão, dois de prisão preventiva, seis de prisão temporária e cinco de condução coercitiva – quando os presos são obrigados a comparecer à delegacia para prestar depoimento.
Foram presos até as 13h11:
Zwi Skornicki – prisão preventiva
Vinícius Veiga Borin – prisão temporária
Maria Lúcia Guimarães Tavares – prisão temporária
Os três devem chegar à carceragem da PF, em Curitiba, ainda nesta segunda-feira.
Estão fora do país:
Fernando Migliacio – prisão preventiva
João Santana – prisão temporária
Monica Moura – prisão temporária
Benedito Barbosa – prisão temporária
Marcelo Rodrigues – prisão temporária
Conta secreta no exterior
A suspeita é de que, usando uma conta secreta no exterior, o publicitário João Santana teria recebido dinheiro da Odebrecht e do engenheiro Zwi Skornicki, representante oficial no Brasil do estaleiro Keppel Fels, segundo o Ministério Público Federal (MPF). De acordo com as investigações, João Santana recebeu US$ 7,5 milhões em contas no exterior.
Desse total, Santana teria recebido US$ 3 milhões de offshores ligadas à Odebrecht , entre 2012 e 2013, e US$ 4,5 milhões do engenheiro Zwi Skornicki, entre 2013 e 2014. O engenheiro também foi preso na 23ª fase. Ele é apontado como operador do esquema.
A assessoria da empresa de João Santana diz que o advogado Fábio Tofic divulgará no início desta tarde um comunicado sobre o pedido de prisão.
“Há o indicativo claro que esses valores têm origem na corrupção da própria Petrobras. É bom deixar isso bem claro, para que não se tenha a ilusão de que estamos trabalhando com caixa 2, somente”, diz o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Carlos Fernando dos Santos Lima.
Suspeitas sobre a Odebrecht
Investigadores descobriram mais indícios do envolvimento de Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira que está preso desde junho de 2015, no esquema investigado na Lava Jato. Ele teria controle sobre pagamentos feitos por meio de offshores ao publicitário João Santana, ao ex-ministro José Dirceu, além de funcionários públicos da Argentina.
O MPF fez um novo pedido de prisão preventiva de Marcelo Odebrecht, mas ele foi indeferido pelo juiz Sérgio Moro. Segundo o procurador Carlos Lima, há indícios de que o empresário tentou transferir funcionários para o exterior, para dificultar as investigações em torno da Odebrecht.
Esta etapa da Lava Jato identificou novos operadores de propina na empreiteira: Hilberto Mascarenhas Alves Silva Filho e Luiz Eduardo Rocha Soares. Eles faziam os pagamentos ilegais por meio das offshores Klienfeld e Innovation, ligadas à Odebrecht, segundo as investigações.
Carta indicava caminhos para fazer pagamentos
Segundo o delegado PF Filipe Pace, os fatos relevados na 23ª fase da Lava Lato surgiram de materiais apreendidos na 9ª etapa da operação. Entre eles, estava uma carta de Monica Santana, mulher e sócia de João Santana na Pólis Propaganda & Marketing, endereçada ao engenheiro Zwi Skornicki.
Nela, havia um contrato entre a offshore Shellbill, que tem sede no Panamá e a PF acredita ser de Monica, e a Innovation, ligada à Odebrecht.
A carta indicava caminhos para fazer pagamentos. Havia números de contas do Citibank em Nova York e em Londres, que, na verdade, correspodiam a uma conta na Suíça. O banco permitia operações em dólar e euro por meio de contas conveniadas nos Estados Unidos e no Reino Unido. “O dinheiro foi depositado através dessas contas correspondentes, mas o beneficiário final foi a sua conta na Suiça”, disse Filipe Pace.
A PF suspeita que Santana comprou um apartamento de R$ 3 milhões em São Paulo com o dinheiro que recebeu da Odebrecht.
Escreva sua opinião
O seu endereço de e-mail não será publicado.