Legado de Café Filho é lembrado 70 anos após ser presidente do Brasil
A transferência dos restos mortais da poetisa e escritora potiguar Nísia Floresta ao Rio Grande do Norte. A criação da Escola Agrícola de Jundiaí e do Parque Nacional do Xingu. A formação do Alecrim Futebol Clube. O que esses fatos têm em comum? Todos eles estão ligados ao trabalho de um político potiguar, o único a assumir a Presidência da República Brasileira há 70 anos: Café Filho. Seu legado, no entanto, não foi esquecido e é tema de uma exposição que segue aberta até o próximo dia 25, na Assembleia Legislativa.
Café Filho, como é mais conhecido, foi o sucessor de Getúlio Vargas, após ele cometer suicídio. É apenas um dos diversos fatos curiosos que marcaram sua trajetória. “Café tem fatos interessantes. Através de uma lei dele, como deputado Federal, foi criada a Escola Agrícola de Jundiaí. Como vice-presidente, é responsável pela vinda do Hospital dos Pescadores de Natal, do prédio do IPASE (INSS), na Ribeira. Trouxe os restos mortais de Nísia Floresta para a cidade que ela nasceu e nomeou o antigo aeroporto Augusto Severo”, conta Alexandre Gurgel, chefe do Núcleo Historiográfico da Cultura Potiguar Presidente Café Filho, que faz parte da divisão do Memorial Legislativo da ALRN.
O Ex-presidente, que faleceu em 1970, foi deputado federal por dois mandatos, inclusive, participou da elaboração da constituição em 1946. Ficou conhecido como advogado dos trabalhadores e fundou um dos primeiros sindicatos gerais da categoria. Sua atuação destacada o levou ao posto de candidato a vice-presidente na composição com Getúlio Vargas, de quem foi adversário político. Na eleição, onde os votos de presidente e vice eram desvinculados, Café Filho foi eleito com mais de 200 mil votos de vantagem sobre os adversários. Com a morte de Getúlio, ele assumiu a Presidência em 1954.
“Tem um fato extraordinário quando Café encabeçou a luta dos irmãos Vilas Boas e do Marechal Rondon para criar o Parque Nacional da Reserva do Xingu, enquanto deputado federal”, conta Gurgel.
Entre suas facetas, Café também fundou o Alecrim Futebol Clube, atuando como goleiro e estimulando também a formação do time feminino, no qual sua esposa, Jandira de Oliveira. A neta dos dois, Ana Paula Torres Café, diz que o sentimento da família é de orgulho e admiração pela história que o avô construiu. “Ao mesmo tempo, temos uma grande tristeza por ele ter estado no Catete e não ter a memória dele lá”, aponta.
O Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, foi a sede da Presidência da República no período de 1897 a 1960. Hoje abriga o Museu da República.
Ana Paula, relembra que, para a família, é nítida a imagem de um presidente que nunca perdeu a essência. “Meu avô não teve nada que tenhamos que nos envergonhar. Ele era muito transparente. Minha mãe contava que ele morou no mesmo apartamento de Copacabana, antes, durante e depois de ser presidente”, disse ela.
Após deixar o cargo de presidente, Café Filho permaneceu no Rio de Janeiro, onde foi nomeado em 1961 para o Tribunal de Contas da Guanabara. Ele faleceu em fevereiro de 1970.
Os 70 anos da chegada de Café Filho à Presidência da República são evidenciados na mostra que a Assembleia Legislativa do RN inaugurou nesta segunda-feira (14), com a presença da neta do ex-presidente, Ana Paula Café, e outros familiares. No evento, a família formalizou a doação de um acervo com cerca de 350 peças. “Estou muito emocionada por estarem resgatando a memória de meu avô”, relembra a neta. A exposição segue até o dia 25 deste mês, das 8h às 14h. Além da doação familiar, outras peças que compõem a mostra foram cedidas pelo Museu Café Filho, da Fundação José Augusto e também pelo chefe do Núcleo Café Filho, Alexandre Gurgel, colecionador.
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