Líder da oposição reprova propostas de Haddad
O líder da oposição no Congresso Nacional, senador Rogério Marinho (PL), manifestou ceticismo em relação ao pacote econômico anunciado pelo governo federal para equilibrar as contas públicas. A proposta busca reduzir R$ 70 bilhões em despesas no período de dois anos, mas, segundo o parlamentar, carece de consistência e credibilidade.
“Enquanto apresenta um suposto pacote de contenção de despesas, o governo propõe algo aparentemente inexequível, como a redução da tributação do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil. Isso num cenário de descontrole fiscal, onde já há dificuldade para equilibrar receitas e despesas. Estamos falando de 82% dos contribuintes, e a promessa só teria efeitos a partir de 2026, o que torna a proposta um mero factóide”, afirmou Marinho.
Para o senador, a estratégia do governo compromete a capacidade de investimento nos próximos anos. Ele destacou que, segundo informações, até 2028 não haverá margem fiscal para projetos de infraestrutura ou outros investimentos relevantes. “O governo não mexe nos problemas estruturais. Está adiando uma crise anunciada, que o mercado financeiro já percebeu. São ações inócuas, pirotecnia para agradar a plateia”, criticou.
Marinho também destacou a apresentação do pacote, que ele qualificou como superficial. “É como se fosse um prato bonito numa propaganda, mas vazio de conteúdo. O ministro Fernando Haddad aparece dizendo que está tudo certo, mas a realidade é outra. Não é à toa que a reação do mercado foi de ceticismo”, apontou.
Críticas ao papel do Congresso
O senador ainda afirmou que o governo transfere a responsabilidade de implementação das medidas ao Congresso Nacional. “O que depende do Executivo está sendo procrastinado. Não há reformas estruturantes. Estão jogando para os parlamentares ações que só terão efeito se houver boa vontade do Legislativo. É um governo que cria armadilhas para si mesmo”, declarou.
Marinho também relembrou o impacto da PEC da Transição, aprovada no início do governo, que adicionou mais de R$ 200 bilhões ao orçamento sem contrapartida de receitas. “Esse desarranjo estrutural se reflete todos os anos. Chegaremos ao final de 2024 com quase 8% de crescimento na dívida em relação ao PIB, o que significa mais de R$ 900 bilhões a mais de endividamento”, alertou.
Falta de credibilidade
Segundo o senador, o governo perde credibilidade ao não cumprir suas próprias regras. Ele mencionou que o arcabouço fiscal foi desrespeitado em sete ocasiões desde a sua aprovação. “Além disso, o governo anunciou cortes de subsídios, mas, nos últimos dois anos, criou mais de R$ 70 bilhões em novos benefícios, elevando o total para mais de R$ 570 bilhões. Isso compromete qualquer discurso de austeridade”, concluiu.
Marinho reafirmou que o Congresso irá analisar o pacote com cautela, mas acredita que as medidas, como apresentadas, são insuficientes para corrigir os desequilíbrios fiscais do país.
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