Lixo inadequado na rede de esgotos é um problema diário e de todos
O setor de esgotos da Regional Natal da Companhia de Águas e Esgoto do Rio Grande do Norte (Caern), que atende as zonas leste, sul e oeste da capital, recebe diariamente uma média de 25 chamadas por problemas na rede de esgotamento da cidade, aproximadamente 730 por mês. Deste total, 33% das ocorrências são geradas pela presença de gordura e lixo. Os bairros campeões de registro são: Cidade da Esperança, Rocas, Santos Reis e Quintas.
Absorventes, preservativos, tecidos, fraldas, restos de comida e sacolas plásticas são os campeões de descarte na rede de esgotos hoje. São 5,8 toneladas de lixo todo mês. Vinte e um bairros da capital potiguar têm seus esgotos tratados na Estação de Tratamentos de Esgotos do Baldo (ETE).
A Caern está trabalhando intensamente para concluir até o fim de 2018, o esgotamento sanitário total da cidade. Porém, quando o sistema estiver totalmente em operação, o que inclui duas novas Estações de Tratamento de Esgotos (ETE´s Jaguaribe e Guarapes), o uso correto da rede pela população será determinante no sucesso do saneamento.
Com as obras de esgotamento em andamento na cidade, a Caern tem registrado ocorrências de ligações de imóveis nas redes de esgotos que ainda não estão operando. Apenas em 2016 e 2017 foram solicitados 174 desobstruções em área fora de operação, sendo 81 em Neópolis, 83 em Felipe Camarão e 10 no Planalto.
O descarte de objetos e óleos indevidamente e as ligações de água de chuva na rede geram problemas diários na cidade, resultando em transbordamentos e entupimento nas tubulações. Além da questão ambiental, ocasionam problemas de saúde pública para a população, com destaque para a diarreia e a dengue.
A Caern também acaba gastando mais com esta situação, o que é repassado para o custo das tarifas. “Os resíduos na ETE do Baldo atrapalham a manta dos reatores, que pode ser rompida. Temos uma grade que serve de barreira contra os sólidos e faz parte do tratamento, mas a sua limpeza também exige gastos”, explica Odênia de Lima e Silva, técnica ambiental da ETE do Baldo.
O tratamento terciário na ETE do Baldo tem a função de eliminar os microrganismos presentes nas águas residuárias. Essa tecnologia é uma das mais avançadas do mundo e também será usada nas duas novas Estações em construção.
ÓLEO DE RESTAURANTES E AUTOMOTIVOS
O óleo de restaurantes e de motor de veículos também trazem prejuízos ao sistema de esgotos. Na análise de óleos e graxas, existe um limite para que o sistema consiga suportar a quantidade gordura que vem junto dos efluentes (dejetos de água servida), que é de 70 miligramas por litro de óleo. A quantidade o meio não consegue deteriorar, passando a danificar o sistema, com incrustação na tubulação.
Além disso, o tratamento de esgotos é feito por bactérias. O óleo na rede altera o PH do esgoto, causando a morte das bactérias. “Os lavajatos, postos de gasolina, restaurantes, não podem lançar óleos na rede. Existe um sistema de coleta desse material para que todo esse descarte não seja feito na rede de esgotos”, complementa Odênia.
Quais os bairros atendidos pela ETE do Baldo?
Os bairros Rocas, Areia Preta, Santos Reis, Mãe Luiza, Praia do Meio, Petrópolis, Tirol, Barro Vermelho, Morro Branco, Nova Descoberta, Lagoa Seca, Alecrim, Cidade Alta, Ribeira, Candelária, Potilândia e parte de Lagoa Nova, Nazaré, Cidade da Esperança e Dix Sept Rosado são atendidos hoje pela ETE do Baldo. Ao final da obra de esgotamento, a cobertura será integralizada nestas localidades.
Como o lixo interfere no tratamento de esgotos?
A grande quantidade de lixo aumenta a demanda de limpezas a serem realizadas pelo sistema de gradeamento automatizado, aumenta o consumo de energia, o desgaste do equipamento e a quantidade de caçambas de resíduos a serem destinadas para o aterro sanitário. Para se ter uma ideia, o valor aproximado para destinação de resíduos é de R$144,00 para caçamba de transporte mais R$49,98 para caçamba na destinação final.
Ligações clandestinas de água de chuva na rede são comuns?
Estas ligações são mais frequentes no inverno e mais difíceis de serem detectadas, uma vez que a Caern não tem poder de polícia para entrar nas casas dos clientes e verificar as irregularidades. A água da chuva tem pressão que a rede de esgotos não suporta, ocasionando transbordamentos pelo retorno de água pluvial e esgotos, dentro dos imóveis, causando prejuízos materiais, além do perigo de adquirir doenças de veiculação hídrica. Esse tipo de situação só é detectada quando o cliente solicita algum serviço de reparo na rede interna, ou mesmo por denúncias de vizinhos, realizadas em caráter anônimo pelo telefone 115. Nestes casos, o cliente é notificado e tem prazo de quinze dias para desfazer a ligação clandestina.
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