Mães com filhos especiais pedem novo olhar para a deficiência
Vez e voz às famílias. Esse foi o apelo feito por duas mães — uma de adolescente autista e outra de uma jovem down — nesta quinta-feira (25), durante o debate Educação Inclusiva com Abordagem em Autismo e Síndrome de Down, ligado ao evento Pauta Feminina, promovido pela Procuradoria da Mulher do Senado.
— Ainda não se dá voz às famílias, que não têm acesso às discussões dessas políticas. Cerca de 90% dessas famílias são chefiadas por mulheres, que foram abandonadas pelos maridos. Muitas precisam trabalhar, mas não têm lugar para deixar a criança, porque as escolas não são integrais. Começa aí o sistema de exclusão — desabafou a presidente da Comissão de Direitos da Pessoa com Autismo da OAB-DF, a advogada Adriana Monteiro.
Adriana é mãe de Ana Luísa, 15 anos, que tem Síndrome de Angelman e é autista. Sobre a inclusão escolar, a advogada — também integrante do Movimento Orgulho Autista Brasil — reclamou da carência de professores aptos a lidar com alunos especiais.
— Eu adoraria que a Ana Luísa estivesse em uma sala regular incluída, mas ela está em uma classe especial (na rede pública de ensino), pois precisa de atendimento especializado. Mas, quando ela completar 18 anos, para onde ela vai, já que jovens nessa idade costumam ir para a faculdade ou se profissionalizar? Ficar em casa? Inclusão é você dar a todos oportunidade, seja ela em que espaço for — acrescentou Adriana.
Caminho similar foi trilhado pela advogada Ana Cláudia Figueiredo, integrante da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down. Ela é mãe de Jéssica, uma jovem down de 23 anos que sempre estudou em escola regular e conseguiu concluir um curso superior tecnológico em fotografia.
— O fundamento da inclusão precisa ser percebido pela sociedade para que aconteça. É importante que a diferença seja vista como inerente a todos. É ela que nos torna singulares. A deficiência é apenas uma parte das várias peculiaridades que nos compõem — considerou Ana Cláudia.
De acordo com a Agência Senado, quanto à educação inclusiva, ela acredita que depende não só da reelaboração das práticas pedagógicas, mas, essencialmente, da sensibilização da comunidade escolar na valorização da deficiência.
— Os desafios e obstáculos são muitos e a escola precisa abrir espaço para essa participação familiar. Todo mundo tem capacidade de aprender — resumiu Ana Cláudia.
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