Membros do PCC recebiam mesada em esquema criminoso, aponta força-tarefa
Um esquema de pagamento de mesadas a integrantes do alto escalão do Primeiro Comando da Capital (PCC) foi desarticulado nesta segunda-feira (31), pela fase 2 da operação Caixa Forte da Polícia Federal, que em Minas, contou com o apoio da Polícia Civil e do Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG). A ação ocorreu em 19 Estados e no Distrito Federal.
A operação ocorre no dia em que o PCC comemora 27 anos de criação da facção e, de acordo com os investigadores, é a maior ação de combate ao crime organizado do país. Ao todo foram cumpridos 422 mandados de prisão preventiva e 202 mandados de busca e apreensão. Outros R$ 252 milhões foram bloqueados de 252 contas bancárias da organização e durante a operação foram encontrados R$ 6 milhões – parte desse valor em dólares – em Santos, no litoral de São Paulo.
“Era um pagamento de mesada por ter sido transferido para o sistema penitenciário federal. Eles recebem uma quantidade x, 2x, ou 3x, a depender da razão pela qual eles foram transferidos para o Sistema Penitenciário Federal. Se eles foram transferidos apenas por ser da facção eles recebem x. Por ocupar um cargo de relevo na facção eles recebem 2x e por ter executado uma missão para a facção como, por exemplo, matar um servidor público, eles recebem 3x”, explicou o coordenador da operação Caixa Forte, Alexsander Castro.
Em Belo Horizonte, um mandado foi cumprido na casa de um homem que seria integrante da facção e já teria passado pelo Sistema Prisional. A ação ocorreu no bairro Teixeira de Freitas, no Barreiro, mas o suspeito não foi encontrado e é considerado foragido.
Dos 422 mandados de prisão expedidos pela Justiça, 179 são para pessoas que já se encontram no Sistema Prisional.
O “Setor de ajuda”
De acordo com a investigação, membros do PCC eram premiados ao entrar no Sistema Prisional de acordo com a relevância do motivo que os levaram a serem presos. Os pagamentos eram controlados por uma área da facção, conhecida como o “setor de ajuda”. Os mais bem remunerados seriam os membros que tivessem cometido assassinatos em prol do PCC. O dinheiro vinha do tráfico de drogas.
Os pagamentos eram tabelados e para dar um ar de legalidade, eram depositados em contas de laranjas – geralmente familiares dos presos, mas podiam ser também de pessoas externas que emprestavam a conta bancária para os depósitos –. O esquema foi descoberto pela Polícia Federal ainda na fase 1 da operação, deflagrada em 2019 e a investigação encontrou indícios de que ele ocorria, pelo menos, desde janeiro de 2018.
“Era exatamente a utilização de contas de laranjas onde são feitos depósitos pulverizados que, depois de reunidos, vão sendo canalizados para outras contas, em uma movimentação com um menor número de pessoas. Dessas contas, a gente identificou que havia saída de recursos para outras contas que posteriormente foram identificadas como as contas do setor da ajuda, que faz o pagamento para os membros do alto escalão da facção”, destacou o coordenador da operação, Alexsander Castro.
Os laranjas não tinham envolvimento direto com outros crimes praticados pela facção, o que teria dificultado o trabalho de rastreamento das contas pela Polícia Federal. A investigação apontou que 220 integrantes da facção receberam a mesada nos últimos dois anos. Desses, 179 ainda se encontram presos. O nome de “setor de ajuda” teria sido atribuído porque os pagamentos seriam destinados, principalmente, a auxiliar as famílias dos presos, enquanto ele se encontrava dentro do Sistema Prisional.
Escreva sua opinião
O seu endereço de e-mail não será publicado.