Nasa vai lançar espaçonave para se chocar intencionalmente com lua de asteroide
Foto: Ilustrativa/Trajeto de impacto da DART / NASA
Uma espaçonave que vai se chocar deliberadamente com um asteroide está se preparando para o lançamento. A missão Dart, ou Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo [em português], da Nasa, vai decolar às 2h20 [horário de Brasília] em 24 de novembro a bordo de um foguete Falcon 9 da SpaceX da Base da Força Espacial de Vandenberg na Califórnia (EUA).
A Nasa testará nova tecnologia em setembro de 2022 para ver como consegue impactar o movimento de um asteroide próximo à Terra. O alvo é Dimorphos, uma pequena lua orbitando o asteroide Didymos próximo à Terra. Esta será a primeira demonstração em grande escala desse tipo de tecnologia pela agência em nome da defesa planetária.
Os objetos próximos à Terra são asteroides e cometas cujas órbitas os colocam a 50 milhões de quilômetros da Terra. Detectar a ameaça desses objetos que podem causar danos graves é o foco principal da Nasa e de outras organizações espaciais ao redor do mundo.
Didymos e Dimorphos
Duas décadas atrás, descobriu-se um sistema composto por um asteroide próximo à Terra com uma lua orbitando-o, apelidado de Didymos. Em grego, Didymos significa “gêmeo”, usado para descrever o asteroide maior, que tem quase um quilômetro de diâmetro, e é orbitado por uma lua menor com 160m de diâmetro. Na época, a lua era conhecida como Didymos b.
Kleomenis Tsiganis, cientista planetário da Universidade Aristóteles de Thessaloniki e membro da equipe do Dart, sugeriu que a lua se chamasse Dimorphos.
“Dimorphos, que significa ‘duas formas’, reflete o status deste objeto como o primeiro corpo celeste a ter a forma de sua órbita significativamente alterada pela humanidade – neste caso, pelo impacto do Dart”, disse Tsiganis. “Como tal, será o primeiro objeto a ser conhecido pelos humanos por duas formas muito diferentes, uma vista pelo Dartantes do impacto e a outra vista por Hera, da Agência Espacial Europeia, anos depois”.
Em setembro de 2022, Didymos e Dimorphos estarão relativamente perto da Terra, a cerca de 11 milhões de quilômetros de nosso planeta. É o momento perfeito para a missão ocorrer.
O Dart colidirá deliberadamente com Dimorphos para alterar o movimento do asteroide no espaço, de acordo com a Nasa . Esta colisão será registrada pelo LiciaCube, um satélite em forma de cubo fornecido pela Agência Espacial Italiana. O cubo viajará no Darte, em seguida, será lançado no espaço antes do impacto para que possa registrar o que acontece.
“Os astrônomos serão capazes de comparar as observações de telescópios baseados na Terra antes e depois do impacto do Dart para determinar o quanto o período orbital de Dimorfos mudou”, disse Tom Statler, cientista do programa Dart na sede da Nasa, em um comunicado. “Essa é a medição chave que nos dirá como o asteroide respondeu ao nosso esforço”.
Alguns anos após o impacto, a missão Hera da Agência Espacial Europeia conduzirá uma investigação de acompanhamento de Didymos e Dimorphos.
Enquanto a Dart foi desenvolvida para o Escritório de Coordenação de Defesa Planetária da NASA e gerenciada pelo Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, a equipe da missão trabalhará com a missão Hera sob uma colaboração internacional conhecida como Avaliação de Impacto e Deflexão de Asteroides, ou Aida.
“O Dart é uma primeira etapa nos métodos de teste para a deflexão de asteroides perigosos”, disse Andrea Riley, executiva do programa Dart, em um comunicado. “Asteroides potencialmente perigosos são uma preocupação global e estamos animados em trabalhar com nossos colegas italianos e europeus para coletar os dados mais precisos possíveis a partir desta demonstração”.
Uma missão de estreias
Dimorphos foi escolhido para esta missão porque seu tamanho é relativo aos asteroides que podem representar uma ameaça para a Terra. O Dart colidirá com Dimorphos movendo-se a cerca de 24 mil quilômetros por hora. Uma câmera, chamada Draco, e um software de navegação autônomo ajudarão a espaçonave a detectar e colidir com Dimorfos.
Este impacto rápido só mudará a velocidade de Dimorphos enquanto orbita Didymos em 1%, o que não parece muito – mas mudará o período orbital da lua em vários minutos. Essa mudança pode ser observada e medida a partir de telescópios terrestres na Terra. Também será a primeira vez que humanos alteram a dinâmica de um corpo do sistema solar de forma mensurável, de acordo com a Agência Espacial Europeia.
Três anos após o impacto, Hera chegará para estudar Dimorphos em detalhes, medindo as propriedades físicas da lua, estudando o impacto do Dart e estudando sua órbita. Pode parecer uma longa espera entre o impacto e o acompanhamento, mas é baseado em lições aprendidas no passado.
Em julho de 2005, a espaçonave Deep Impact da Nasa lançou um projétil de cobre de 370 quilos em um cometa, o Tempel 1. Mas a espaçonave não foi capaz de ver o resultado porque o impacto liberou toneladas de poeira e gelo. No entanto, a missão Stardust da Nasa em 2011 foi capaz de caracterizar o impacto – uma cratera de 150 metros.
Juntos, os dados valiosos coletados pelo Dart e pela Hera contribuirão para as estratégias de defesa planetária, especialmente entendendo que tipo de força é necessária para mudar a órbita de um asteroide próximo à Terra que pode colidir com nosso planeta.
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