O brasileiro não é um homem cordial

Por Inaldo Sampaio – “Chico Buarque foi vítima de agressões de antipetistas numa prova de que o brasileiro não é tão “cordial” como dizia seu pai”.

É do historiador Sérgio Buarque de Holanda, pai do compositor Chico Buarque, esta clássica definição no livro “Raízes do Brasil” sobre o caráter do nosso povo: “O brasileiro é um homem cordial”. Há centenas de exemplos que desmentem essa assertiva, como o extermínio de índios pelos bandeirantes, as atrocidades cometidas na Guerra do Paraguai, as torturas praticadas durante o regime militar e o massacre no presídio de Carandiru.

Todos provam que a alma do povo brasileiro não tem a candura imaginada pelo pai do célebre compositor, que aliás acaba de ser vítima de um ato de intolerância política quando saía de um restaurante, no Rio de Janeiro, na última terça-feira, em companhia de um grupo de amigos. Radicais antipetistas insultaram-no verbalmente por ser simpatizante do PT esquecidos de que, no regime democrático, todos têm o direito de externar suas opiniões e de ter preferência pelo partido político que bem entender.

A Folha em ordem

Para os servidores públicos estaduais, pode parecer pouco o fato de o governador Paulo Câmara já ter honrado o 13º e marcado para o próximo dia 29 o pagamento do salário de dezembro. Mas para aferir o efeito disso, para olhar o conjunto da Federação. O Rio Grande do Sul parcela salários desde abril, Sergipe vai dividir o 13º em seis parcelas e o Rio de Janeiro só vai liberar o duodécimo do Tribunal de Justiça porque o ministro Ricardo Lewandowski (STF) obrigou-o.

Líder – Pelo bom trabalho que fez na Casa, Mendonça Filho (PE) será reconduzido à liderança do DEM na Câmara Federal, assim como Ronaldo Caiado (GO) à liderança no Senado. O PSB da Câmara já reconduziu Fernando Filho, e Eduardo da Fonte deverá ficar por mais um ano na liderança do bloco parlamentar (81 deputados) capitaneado pelo PP (Partido Progressista).

Natal –  Após conquistar o Festival de Jazz que pertencia a Garanhuns, o próximo passo do interventor de Gravatá, Mário Cavalcanti, é fazer um Natal parecido com o de Gramado (RS).

Venda – Um dos livros mais procurados nas livrarias do Recife neste final de ano, para presente, foi “Diários da Presidência – Volume I” do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Tripé – Apesar da troca de Joaquim Levy por Nélson Barbosa, na pasta da Fazenda, o ministro Armando Monteiro (Desenvolvimento) continua sendo peça-chave no tripé da área econômica.

Atraso – Com atraso de 30 anos em relação a Pernambuco, o Rio Grande do Sul extinguiu pensão vitalícia para ex-governadores, mas preservando o atual. Pernambuco extinguiu essa regalia no governo de Roberto Magalhães, que também foi incluído no pacote. Só mantiveram esse direito os governadores que o antecederam.

Analfa – Carlos Sampaio (SP), líder do PSDB na Câmara Federal, fez um apelo ao ministro Gilmar Mendes para que o STF reveja o rito do impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Como promotor de justiça licenciado, deveria saber que decisões da Suprema Corte são coisas sérias e não podem ser mudadas como se muda de roupa.

Divisão – Raul Jungmann (PPS) não tem medo de dizer que o eventual impeachment de Dilma dividiria o Brasil, algo que não ocorreu no impeachment de Collor quando 99% dos brasileiros ficaram a favor. Caso tentem derrubar Dilma, prevê o deputado, sairão às ruas em defesa do mandato dela representantes da CUT, UNE, MST, etc. É o que acham também líderes do PSOL, que fazem oposição ao governo, mas são contra o impeachment.

Cortes – Nove em cada 10 economistas estão convencidos de que o Brasil só sairá da crise em que se acha se fizer cortes em programas sociais (Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Pronatec, etc), se o salário mínimo não crescer além da inflação e se a economia for desindexada. Além disso, afirmam, é preciso concluir o ajuste fiscal e apresentar um plano de recuperação econômica que mereça a confiança dos investidores internacionais.