PARA LER, RIR E PENSAR…

O Ciço querendo mais uma vez  arrancar uns cobres do rico fazendeiro se aproxima  de mansinho e meio desconfiado começa a assuntar a fim de assim tomar pé para a clássica facada.

Conversa vai, conversa vem e nada do fazendeiro dar espaço para o bote.

Em Governador Dix-Sept Rosado, Ciço já era conhecido de todos pelos seus golpes e mais ainda do Dix-Huit, que dele já tinha sido vítima por diversas vezes.

E por já ter sido esfaqueado incontáveis vezes pelo Ciço, sempre que sentia a proximidade do bote, Dix-Huit desconversava e desarmava o Ciço.

Já com a goela seca e doido por um dinheiro para molhar a garganta com água que passarinho não bebe, Ciço esquece as regras que norteiam uma facada e sem cerimônia vai ao ataque. –  Doutor, lá em casa hoje só tem aru.

– O que é que tem na sua casa?

-Aru, doutor.

– Ciço, que diabo é aru?

– O doutor não sabe o que é aru?

– Quem diabo sabe o que é aru, Ciço?

– E é só uma banda de aru que tem lá em casa.

– Ciço, já sei o que você quer.

E metendo a mão no bolso arranca uma cédula que mostra ao Ciço dizendo:

– É sua, mas me diga o que diabo é aru.

– Aru, doutor, é arugutango.

-Arugutango?

– Macaco, doutor, macaco.

Rindo, Dix-Huit entrega a cédula ao Ciço.

E fica pensando na criatividade daquele caboclo a quem todas as chances foram negadas para desenvolver a fulgurante inteligência de que era dotado.

Orangotango em Governador Dix-Sept Rosado…

Anos depois, Dix-Huit rindo ainda repetia esta história dada e passada no Mercado Público de Governador  Dix-Sept Rosado.

Escrito pelo jornalista; Inácio Augusto de Almeida

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