Pesquisadora da UFRN estuda os efeitos da falta de sono
A pesquisadora Jaqueline Pinheiro da Silva, da Pós-graduação em Psicobiologia do Centro de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desenvolveu um trabalho intitulado “Efeitos da privação de sono em tarefas cognitivas, usando o peixe paulistinha” com o instituto de compreender os efeitos da falta de sono.
De acordo com a pesquisadora, a aprendizagem e a memória são processos importantes paras as espécies, pois permitem o reconhecimento coespecífico, rotas e sítios de alimentação. E um dos comportamentos conhecidos por facilitar à aprendizagem é o sono, fenômeno universal presente na maioria dos animais e altamente estudado sob vários aspectos.
“É sabido que a privação de sono altera processos fisiológicos e comportamentais nos animais, no entanto, sua função no organismo não é completamente compreendida. As hipóteses do papel do sono variam de conservação de energia à consolidação de memória, com variadas funções durante a evolução dos animais” destaca Jaqueline Pinheiro.
O peixe paulistinha (Danio rerio), espécie usada na pesquisa, surgiu nos últimos anos como vertebrado modelo em genética e biologia do desenvolvimento, e rapidamente se tornou popular em estudos do comportamento, assim como aprendizagem e memória por ter características familiares, no que se diz respeito a efeitos de comportamento, ao ser humano.
“Além de ser um animal de ritmo circadiano diurno e possuir comportamento de sono bem caracterizado. O peixe paulistinha ainda apresenta vantagens por seu tamanho pequeno e de baixo custo de manutenção, o que estabelece essa espécie como modelo interessante para pesquisas sobre sono” ressalta a pesquisadora.
O estudo buscou-se analisar os efeitos da privação total ou parcial de sono sobre a aprendizagem, e ainda os efeitos concomitantes com o uso de álcool e melatonina (hormônio produzido pelo cérebro no momento do sono).
Resultados
Os resultados analisados mostraram que os peixes que foram parcialmente privados de sono e os totalmente privados de sono e álcool conseguiram realizar as tarefas igualmente, no entanto, os peixes totalmente privados de sono e ainda os totalmente privados de melatonina apresentaram memória e atenção prejudicadas durante os testes.
“Nossos resultados sugerem que apenas uma noite de privação de sono é suficiente para afetar o desempenho do peixe paulistinha em tarefas cognitivas, o que pode também acontecer em humanos. Ademais, a exposição ao álcool na noite anterior ao teste parece suprimir os efeitos negativos da privação de sono, enquanto a melatonina parece não ser eficiente para promover o estado de sono” conclui a pesquisadora.
A pesquisa de Jaqueline Pinheiro da Silva foi desenvolvida no Laboratório Zebrafish coordenado pela Professora do Centro de Biociências, Ana Carolina Luchiari.
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