Polícia prende haitiano suspeito de mandar matar presidente do país
Foto: Ricardo Arduengo/Reuters
A polícia do Haiti anunciou no domingo (11) a prisão de um cidadão haitiano que vive nos Estados Unidos e contratou os mercenários suspeitos de assassinar o presidente do país, Jovenel Moise. O diretor-geral da Polícia Nacional, Léon Charles, afirmou que Charles Emmanuel Sanon, de 63 anos, “entrou no Haiti a bordo de um avião particular com objetivos políticos” Nas redes sociais, Sanon se diz médico e já publicou vídeos e mensagens em que fala sobre a política no Haiti há dez anos.
Charles diz que Sanon chegou ao Haiti em junho, acompanhado de colombianos contratados para fazer a sua segurança, mas “então a missão mudou”. “A missão era deter o presidente da República, e daí se montou a operação”.
Os colombianos foram contratados por meio de uma empresa de segurança venezuelana chamada CTU, que tem sede na Flórida, e a polícia chegou a Sanon após interrogar os colombianos detidos.
Segundo Charles, os suspeitos de matar o presidente ligaram para Sanon quando foram cercados. “Quando nós, a polícia, bloqueamos o avanço desses bandidos depois de terem cometido seu crime, a primeira pessoa para quem um dos agressores ligou foi Charles Emmanuel Sanon”.
O chefe da polícia disse que, na sequência, Sanon “entrou em contato com outras duas pessoas que consideramos autores intelectuais do assassinato do presidente Jovenel Moise”. A identidade destes dois suspeitos não foi revelada.
Militares colombianos
A polícia haitiana divulgou na quinta-feira (8) que ao menos 28 pessoas participaram do crime: 26 colombianos e dois americanos de origem haitiana.
O governo da Colômbia anunciou no mesmo dia que investiga se parte dos presos pelo assassinato do presidente do Haiti são militares. Já o governo de Taiwan revelou na sexta-feira (9) que 11 homens armados invadiram sua embaixada em Porto Príncipe após a morte e autorizou a polícia haitiana a entrar no local e prender os suspeitos.
“A pedido do governo haitiano — e para ajudar na detenção dos suspeitos —, a embaixada deu permissão à polícia haitiana para entrar no perímetro da embaixada”, afirmou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Taiwan, Joanne Ou.
Ajuda americana
Membros do governo americano chegaram ao Haiti no domingo para ajudar nas investigações e se reuniram com o diretor-geral da Polícia Nacional. São funcionários do FBI (a Polícia Federal dos EUA) e dos departamentos de Estado, de Justiça e de Segurança Interna.
A delegação americana também teve reuniões em separado com os principais atores políticos locais, entre eles o primeiro-ministro interino do país, Claude Joseph, e o presidente do Senado, Joseph Lambert. “Eu me reuni com a delegação americana e, juntos, valorizamos a resolução do Senado que me elegeu presidente interino da República”, afirmou Lambert.
Vácuo de poder
Há controvérsias sobre quem deve comandar o país após a morte de Moise.
O primeiro-ministro interino, Claude Joseph, chegou a assumir, também interinamente, a presidência do país e no mesmo dia decretou estado de sítio por 15 dias.
Pela Constituição haitiana, o presidente da Suprema Corte do país estaria na linha sucessória, mas ele morreu de Covid-19 no mês passado e ainda não foi substituído. Na sexta (9), Joseph Lambert foi declarado presidente interino do Haiti pelo Senado.
Presidente assassinado
Inúmeras perguntas sem respostas permanecem cinco dias após o assassinato de Moise, que foi morto a tiros em sua casa, durante a madrugada da quarta-feira (7). A primeira-dama, Martine Moise, foi baleada e hospitalizada. Gravemente ferida, ela foi transferida para Miami, nos Estados Unidos, onde segue internada.
Os três filhos do casal, Jomarlie, Jovenel Jr. e Joverlein, estão em um “local seguro”, segundo as autoridades. Moise levou 12 tiros e foi encontrado no chão, de costas, e coberto de sangue. O escritório e o quarto do presidente foram saqueados. Por G1
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