Policial acusado de matar advogada seridoense a pauladas, no interior do RN, tem júri marcado
O policial militar Gleyson Alex de Araújo Galvão, acusado de matar a advogada Vanessa Ricarda de Medeiros, de 37 anos – crime ocorrido na madrugada de 14 de fevereiro de 2013 – já tem data marcada para sentar no banco dos réus. O júri popular está agendado para as 9h do dia 8 de novembro, no fórum de Santo Antônio, cidade distante 70 quilômetros de Natal. Ex-namorada do PM, Vanessa foi espancada a pauladas dentro de um motel da cidade. A violência chocou o Rio Grande do Norte.
Verbena Rúbia, uma das irmãs de Vanessa Ricarda, falou com o G1 assim que ficou sabendo da data do julgamento do PM. “Todos os dias consulto esse processo. Quando vi, senti uma dor forte no peito. Finalmente essa data foi definida. Agora, nos sentimos aliviados em saber que a Justiça vai ser feita e que ele finalmente vai para o tribunal pagar o que fez com nossa família e com a minha irmã, porque essa dor vamos carregar para o resto de nossas vidas”, declarou.
A acusação
De acordo com a acusação, Gleyson Galvão ficou chateado com o fato de a advogada ter se recusado a fazer sexo com ele na frente de uma outra pessoa. “Assim, ele atacou a vítima de surpresa, desferindo pauladas em sua cabeça”, relata a denúncia feita pelo Ministério Público. Ainda de acordo com o MP, “ficou evidenciado o motivo fútil, a utilização de meio cruel e a utilização de recurso que dificultou a defesa da vítima como qualificadoras do crime de homicídio”.
Por várias vezes a defesa do réu tentou colocá-lo em liberdade, alegando problemas mentais. Contudo, os pedidos foram negados pelo juiz Ederson Batista de Morais. Para o magistrado, o quadro de insanidade não foi comprovado. Na decisão, ele destacou que em mais de seis anos de trabalho como policial militar, Gleyson Araújo nunca precisou ser afastado para se tratar de nenhum problema relacionado à saúde mental. Além disso, o fato de o policial ter ensino médio completo, já ter cursado o ensino superior e ter sido aprovado em concurso público de “significativa dificuldade”, pesam contra a instauração do incidente de insanidade. O juiz ressalta também que o acusado “sequer soube dizer qual o distúrbio que em tese o acometia, mesmo sendo pessoa de relevante grau de instrução”.
“A única tese de defesa que se tentou construir no processo, sem êxito, foi a de que o acusado está louco e não lembra o que fez. Essa afirmação absurda é desmentida nos autos, embora a defesa tenha conseguido, sabe-se lá como, um laudo atestando a doença mental. Creio que o crime não ficará impune e o assassino deve pegar em torno de 12 a 30 anos de reclusão, como prevê o código penal”, comentou o advogado Emanuel de Holanda Grilo, que atua ao lado da família da vítima.
Gleyson tem 36 anos. Detido em flagrante no dia do crime, atualmente encontra-se no Presídio Militar, carceragem que fica dentro do terreno onde funciona o quartel do Bope, a cavalaria e o canil da PM, na Zona Norte de Natal.
O crime
Funcionários do Motel Cactus, onde a advogada Vanessa Ricarda foi espancada, acionaram a guarnição depois que escutaram uma discussão do casal. “Eles ouviram a mulher gritando e nós fomos chamados”, contou o tenente Everthon Vinício, do 8º Batalhão da PM.
Ainda segundo o oficial, o PM foi encontrado na área comum do prédio onde funciona o motel. O tenente contou também que Gleyson apresentava sinais de embriaguez e manchas de sangue pelo corpo. “Ele vestia somente um short, que estava todo sujo de sangue”, afirmou.
Ao entrarem no quarto, os policiais encontraram a advogada desacordada e ensanguentada. “O rosto dela estava bastante desfigurado e os objetos do quarto revirados”, relatou o delegado Everaldo Fonseca.
O corpo de Vanessa Ricarda foi enterrado no cemitério público da comunidade de Santo Antônio da Cobra, distrito a 18 quilômetros de Parelhas, na região Seridó potiguar.
INFORMAÇÕES DO G1RN
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