Produção de pitaya desperta interesse de agricultores no semiárido potiguar
Foto: Inter TV Costa Branca/Reprodução
Mesmo sem nunca ter provado uma pitaya, a fruta despertou o interesse do agricultor Francisco Damião. Prova disso são os pés de pitaya plantados ao lado da lavoura de feijão verde, no Assentamento Senegal, zona rural de Mossoró. As novas plantas da família dos cactos ganharam um espaço de destaque em meio ao roçado. São 18 pés recém-plantados da fruta que se transformou numa grande aposta para o agricultor. “A pitaya é uma planta rústica, que não precisa de tantos cuidados, fácil manuseio e tem um alto valor comercial”, aponta.
A ideia de cultivar a pitaya partiu da amiga, a empresária Gil Medeiros. A pequena plantação fica na propriedade dela. Junto com Damião, os dois decidiram investir no cultivo que está na fase inicial. Enquanto as plantas crescem, a dupla prepara mudas que também devem ir ao campo em breve. A plantação ainda tem caráter experimental, mas Gil tem planos ambiciosos para o cultivo da pitaya.
“A gente ainda tá bem no começo, mas eu já me vejo daqui a alguns anos vendendo pitaya para outros mercados, como São Paulo”, planeja.
As primeiras mudas plantadas na propriedade de Gil, em Mossoró, foram vendidas pelo agricultor José André da Silva, que mora no Assentamento Sumidouro, na zona rural do município vizinho, Baraúna. André foi um dos pioneiros na produção de pitaya, na região Oeste potiguar. Há dois anos, o agricultor familiar decidiu investir na produção da fruta. Atualmente, são 400 pés de pitaya que garantem uma produção anual de cerca de 900kg.
“Para mim, ainda é tudo muito novo. Eu comecei pesquisando na internet e vi que era fácil de plantar e achei bastante interessante. A mão-de-obra é pouca, não há pragas e é uma das culturas que está me dando uma renda boa, se comparada com outras”, aponta o agricultor.
Na melhor época da safra, entre os meses de novembro e março, o quilo da pitaya chega a ser vendido a R$ 7,00 e não faltam compradores. A fruta produzida na comunidade é levada para Mossoró, Baraúna, além de cidades do Ceará. A variedade vermelha é a mais procurada. “Eu comecei a me destacar porque muita gente chegou procurando dizendo que a pitaya era boa para a saúde. Foi aí que vi uma alternativa”, diz André.
O sucesso na produção vem, em parte, da facilidade que a planta tem em se adaptar ao semiárido potiguar. A região tem tudo que a pitaya precisa: sol forte a maior parte do ano e pouca chuva.
“Como toda cactácea, a pitaya tem uma capacidade muito grande de se adaptar a regiões secas. Então ela está num ambiente muito bom. Um fruto produzido numa área com pouca umidade com certeza dá mais qualidade ao fruto. A luz intensa também influencia no teor de açúcar das frutas”, explica o extensionista da Emater Izac Abreu Júnior, que tem acompanhado o plantio desde o início.
O cultivo na época mais seca do ano também garante renda extra para o agricultor no período mais de maior escassez das colheitas de inverno, como o milho e o feijão. Dessa forma, a pitaya está se transformando numa alternativa viável e lucrativa para os agricultores familiares. Segundo a extensionista da Emater de Baraúna, Grasiela Barbosa, a fruta pode ser mais uma possibilidade para complementar o cardápio da agricultura familiar.
“Nossa ideia é inserir essa produção em programas de compra de alimentos da agricultura familiar como o Compra Direta e o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), já que está sendo produzido por agricultores familiares, para que outras pessoas também tenham acesso a esse produto”, aponta a extensionista. POR G1
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