Resumo da CPI da Pandemia: CPI ouve ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten
Foto: Reprodução/CNN Brasil
Interrupção da sessão
Por volta das 11h50, a sessão na CPI foi interrompida por cerca de 5 minutos por Aziz para que Wajngarten fosse aconselhado por seu advogado. A decisão foi tomada após o presidente da CPI e o relator acusarem o ex-secretário de mentir aos membros do colegiado em seu depoimento.”Fabio, o senhor está aqui por causa da sua entrevista à revista Veja. Se não a gente nem lembraria que o senhor existia. Você afirmou que Pazuello era incompetente, disse que o governo estava perdido. Se não fosse isso, não seria chamado (…) Todo mundo aqui está por uma qualidade e Renan está demorando porque o senhor não está respondendo”, afirmou o presidente da CPI.
Na retomada do depoimento, o relator questionou quem teria instruído o presidente Bolsonaro sobre as decisões em relação às negociações com a Pfizer. Mais uma vez, Wajngarten disse desconhecer essa questão. “Vossa excelência já abusou desse expediente em algumas oportunidades”, reclamou Calheiros.
Negociação com a Pfizer
O ex-secretário afirmou que não havia segurança jurídica para a assinatura, ainda em 2020, do contrato com a Pfizer para a compra de vacinas por uma lacuna legal, de forma que não considera que as negociações foram procrastinadas pelo governo. “Nesse tempo em que a revista [Veja] fala, a Pfizer em nenhum momento ofereceu grandes quantidades de vacina entre o momento de agora e o que poderia ter no passado. Eu sempre busquei mais vacina no menor prazo”, disse Wajngarten. Ele afirmou ainda que nunca participou diretamente das negociações e que, portanto, não sabia dizer se houve algum responsável por dificultar as negociações.
Carta da Pfizer ao governo federal
Wajngarten confirmou à CPI da Pandemia a existência de carta enviada pela farmacêutica norte-americana Pfizer ao governo brasileiro em setembro de 2020 oferecendo doses de sua vacina contra a Covid-19.
Em janeiro, o colunista de política da CNN Caio Junqueira teve acesso com exclusividade a carta encaminhada pelo CEO mundial da Pfizer, Abert Bourla, ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “A carta existe. Eu disse que a quantidade de vacinas não era 70 milhões. Ela foi enviada em 12 de setembro”, disse o ex-secretário, ao ser questionado pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL) sobre a existência do documento e sobre a quantidade de doses que teria sido ofertada pela Pfizer. “As propostas da Pfizer, no começo da conversa ela falava em irrisórias 500 mil vacinas”, disse o ex-secretário – cópia do documento apresentada por ele à CPI, no entanto, não faz menção a uma quantidade específica do imunizante.
Questionado sobre a quem o documento havia sido endereçado, Wajngarten disse que a carta tinha como destinatário o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e o então ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto. Ao ler o documento, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que o documento também tinha como destinatários o vice-presidente, Hamilton Mourão, e o embaixador do Brasil para os EUA, Nestor Forster Jr. “Eu recebi essa carta em 9 de novembro, e até esse dia ninguém havia respondido essa carta.”
Contas de Bolsonaro nas redes sociais
Questionado sobre o controle das contas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas redes sociais, Wajngarten afirmou que nem ele, nem qualquer outra pessoa de sua pasta tinha qualquer tipo de interferência sobre o conteúdo.
“Todos os perfis pessoais do presidente pertencem a ele, sem nenhuma interferência da Secom”, disse Wajngarten. O ex-secretário esclareceu também que o mesmo raciocínio de não interferência da Secom é válido para a conta do Ministério da Saúde na rede de microblog.
Wajngarten disse ainda que, durante sua gestão, foi criado o perfil @SecomVC nas redes sociais, que alcançou bastante alcance e engajamento. “A área de digital da Secom cria os conteúdos desse perfil institucional da Secretaria de comunicação.”
Campanhas mensais de informação
Wajngarten descreveu, mês a mês, as 11 campanhas de comunicação realizadas pela Secom e pelo Ministério da Saúde entre os meses de fevereiro de 2020 e maio de 2021 – apesar de ele ter deixado o governo em março de 2021. “As campanhas foram plurais, multimeios. Tivemos 19,5 mil inserções em TV, cobertura nacional, em 54 emissoras. Rádio, com 272 mil inserções em 2.123 emissoras”, detalhou.
“Tivemos mídia exterior digita – painéis eletrônicos interativos – 152 milhões de inserções; mídia exterior estática, sem digital, mais de 3 mil pontos pelo país. Internet e banner: 1,1 bilhão de exibições; internet e vídeo: 375 milhões de visualizações das camapanhas”, completou.
Ele afirmou que há uma “impressão equivocada” ao dizer que o governo não comunicou durante a pandemia.
“Por que passa a impressão que não comunicou? Porque a comunicação evoluiu, estamos na bolha de Brasília. Aqui estamos na guerra do Zap [em referência ao WhatsApp], na guerra da informação, quando a grande população longínqua nem sequer tem acesso à internet.”
Ex-secretário nega qualquer tipo de interferência
Questionado pelo relator se teve liberdade para estabelecer as estratégias de comunicação da presidência, Wajngarten afirmou que teve “toda a liberdade possível” para comandar a secretaria especial de Comunicação, “sem absolutamente nenhuma interferência de ninguém”. Ele disse ainda que deixou a família em São Paulo para ir morar em um hotel de Brasília e que, portanto, “ao menor sinal de interferência teria ido embora”.
Ainda de acordo com Wajngarten, o trabalho da pasta durante o período da pandemia foi técnica e objetiva, “como desde o primeiro momento [no governo]”.
Wajngarten diz que tentou ajudar impasse de Pfizer e união
Em sua fala inicial, antes dos questionamentos de integrantes da CPI, Wajngarten afirmou que a comunicação de um governo interage com toda a máquina governamental. “Uma delas envolveu, exatamente, a compra de imunizantes pelo governo brasileiro.” “Quando soube em novembro do ano passado que a Pfizer endereçara uma carta ao governo brasileiro, procurei imediatamente tentar auxiliar de eventual impasse”, disse o ex-secretário.
Wajngarten disse que sua “atitude pro-ativa em relação ao laboratório produtor da vacina” foi republicana e teve como único objetivo ajudar.
Requerimentos para convocar outras testemunhas
Os trabalhos da CPI foram abertos nesta quarta-feira com uma questão de ordem do senador Marcos Rogério (DEM-RO) questionando quando serão votados os requerimentos de convocação para testemunhas relacionadas a possível fraudes com dinheiro público em estados e municípios.
Aziz afirmou que esses requerimentos serão apreciados pela CPI a partir de junho, depois que forem ouvidas que as pessoas que já foram convocadas. “Estou aguardando que os pedidos de informação feito aos estados cheguem. No início de junho, depois de ouvidas as pessoas que já estão convocadas, será chamado o secretário de saúde do AM e, a posteriormente, serão encaminhados todos os requerimentos.”
Mudança no depoimento da Pfizer
O presidente da CPI da Pandemia confirmou à CNN que apenas Carlos Murillo, ex-CEO da Pfizer Brasil e atual CEO da empresa na América Latina, será ouvido na sessão de quinta-feira (13).
Inicialmente, estava previsto também a participação de Marta Díez, atual diretora-presidente da Pfizer no país. “A Marta, que é a atual CEO Brasil não participou das negociações e nem está no Brasil ainda. Por isso, teremos apenas a participação do Carlos Murillo”, disse Aziz. A agenda da CPI no site do Senado já foi atualizada apenas com o nome de Murillo na oitiva de quinta-feira. POR CNN BRASIL
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