Reta Tabajara ficará pronta em 2022
Foto: Adriano Abreu
Uma das principais obras de mobilidade urbana da Grande Natal, a Reta Tabajara, rodovia federal que fica na intersecção entre Natal, cidades do Seridó e Mossoró, só deverá ter parte de seus trabalhos de duplicação finalizados em junho de 2022 e terá um custo final de R$ 349 milhões.
As obras chegaram a ser paralisadas em várias ocasiões, ora por falta de recursos, ora por suspeita de superfaturamento, pendências que foram resolvidas, segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit). Mesmo entregue em junho de 2022, o empreendimento ficará com uma série de obras por fazer, sendo necessário um novo edital para sua conclusão. A previsão anterior de conclusão era até o fim de 2021.
As obras da Reta Tabajara são aguardadas desde 2014, uma vez que a rodovia é considerada uma das mais importantes para escoamento da produção do Rio Grande do Norte e entrada/saída da capital potiguar. O fluxo diário na Reta Tabajara é de 13 mil veículos, de um total de 70 mil na BR-304. Até o momento, foram executados R$ 46% do contrato, equivalente a R$ 110 milhões.
De acordo com o chefe do serviço de planejamento e projetos e superintendente substituto do Dnit RN, Eider Rocha, o orçamento inicial da obra era de R$ 237 milhões e após cinco revisões feitas pelo órgão, submetidas ao TCU, o contrato ficou fixado em R$ 240 milhões. Com as reanálises anuais previstas no contrato, o preço final da obra será de R$ 349 milhões.
“Esses valores são cláusulas de reajustamento previstas em contrato. A cada ano se tem correções. Em cada avaliação, se aplica os valores das medições a preços iniciais e aplicação de reajustes contratuais. Essas revisões servem para contrapor reajustes de insumos”, explica.
Os valores disponíveis atualmente pelo Dnit para executar a obra não serão suficientes para tocar todo o empreendimento previsto no projeto, segundo Eider Rocha. “Temos recursos para praticamente duplicar, construir a pista nova. Mas para concretizar a restauração da pista existente, nesse trecho de 16km, que está entre a rotatória do Seridó/Mossoró até Macaíba, precisaria de um novo aporte”, cita.
Esse aporte, segundo ele, seria na casa dos R$ 60 milhões, suficientes para restaurar os 17km de existentes do trecho que começa entre o entroncamento das BRs-304 e 226, que é o início da Reta Tabajara (trecho que divide veículos que vão à Natal/Currais Novos e Natal/Mossoró) à rotatória de Macaíba (trevo de Macaíba, após a passarela estaiada).
Em dados enviados à pedido da TRIBUNA DO NORTE, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que, de 2017 a outubro de 2021, foram registrados 214 acidentes. Destes, 32 foram graves (lesões graves ou óbito). Foram sete mortes neste período.
O quantitativo de acidentes registrados até outubro de 2021 já supera o quatitativo de mortes de todos os outros anos. Foram 51 acidentes, com duas mortes. Entre 2017 e 2020, o número de acidentes variou entre 32 e 49 durante os 12 meses dos respectivos anos.
Privatização
O Ministério da Infraestrutura está com estudos abertos em sua equipe técnica para privatizar o trecho de 17 quilômetros da Reta Tabajara, segundo informações enviadas pelo Minfra à TRIBUNA DO NORTE.
De acordo com o ministério, um lote de 732 km das rodovias BR-304/BR-116/BR-101 está em estudos para concessão. O trecho da BR-304 seria justamente o da Reta Tabajara, que vai da divisa do Ceará com o Rio Grande do Norte até Natal. O da BR-116 vai do entroncamento com a BR-304 até Fortaleza e o da BR-101 vai de Natal a João Pessoa.
Em janeiro, ao lado do diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), general Santos Filho, o ministro Tarcísio Freitas fez uma visita à obra. Em julho deste ano, ele gravou um vídeo informando que a Reta Tabajara estaria duplicada até 2022 e também confirmou a possibilidade de privatização do trecho.
Usuários cobram finalização da Reta Tabajara
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE visitou a Reta Tabajara na última quarta-feira (03) e conversou com motoristas e condutores que trafegam pela pista diariamente. As principais reclamações são com relação aos engarrafamentos e consequentemente acidentes nos horários de pico.
“Eu acredito que vá melhorar quando estiver pronta, porque já vi muito engarrafamento e acidente. Mas já era pra ter terminado há bastante tempo. Teve passageiro que ia para o aeroporto e perdeu voo.”, relata o taxista Alcides Dutra, 58 anos, que faz o trecho Mossoró/Natal há 22 anos.
O também taxista José Edilson da Silva, 56 anos, cita que os acidentes na rodovia são frequentes, provocando congestionamentos. Ele faz a linha Natal/Mossoró todos os dias.
“Usamos uma faixa só. Com mão dupla seria mais rápido. Nos feriados e finais de semana encaramos esses engarrafamentos. Nunca me acidentei, mas já vi colega batendo em traseira de carro por freada brusca”, cita.
O presidente da Federação das Empresas de Transportes do Nordeste (Fetronor), Eudo Larajeiras, diz que o ritmo das obras é “desastroso” e pede agilidade na conclusão da duplicação da rodovia.
“Quantos anos esperamos por aquela duplicação? São duas Brs que se encontram num só trecho. Vai e volta, começa, para. É muito ruim para o sistema viário do nosso Estado, que trava”, cita.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do RN (Faern), José Vieira, cita a importância logísitica da rodovia para escoamento da produção local e para turistas que vêm à Natal.
“Esperamos que essa obra seja concluída o mais rápido possível porque é a entrada de Natal. Estamos na expectativa da conclusão para melhorar o fluxo de turistas, produtos, mercadorias, passageiros”, afirma.
Outro ponto criticado foi com relação à insegurança. O trecho chegou a ter 13 lombadas, o que favorecia ataques noturnos. Em agosto de 2017, o Dnit anunciou a remoção de sete das 13 lombadas.
Até o momento, foram feitos serviços de terraplanagem, já foram realizadas a construção de quatro viadutos, um deles já liberado para o tráfego, a restauração de duas pontes marginais do Rio Jundiaí e a construção da pista de concreto, além de terraplenagem, drenagem, obras de arte correntes e base de concreto compactado.
Números
R$ 240 milhões
é o valor inicial do contrato da Reta Tabajara
46%
é o percentual de execução até o momento
R$ 349 milhões
será o preço final da obra
Acidentes Reta Tabajara
2017:
49 acidentes
08 acidentes graves
2018:
32 acidentes
03 acidentes grave
2019:
39 acidentes
05 acidentes graves
2020:
43 acidentes
05 acidentes graves
2021:
51 acidentes
11 acidentes graves
Óbitos: 7 mortes entre 2017 a outubro 2021
1 Comentário
Escreva sua opinião
O seu endereço de e-mail não será publicado.
Ubirajara Mariz de Medeiros
nov 11, 2021, 11:11 pmJá